Candidato morto reinava em Itumbiara e viu patrimônio crescer em R$ 109 mi
Do UOL, em São Paulo
Morto em um atentado nesta quarta-feira (28) em Itumbiara (GO), Zé Gomes, 58, candidato a prefeito da cidade pelo PTB, era um veterano político goiano. Duas vezes prefeito da cidade, José Gomes da Rocha, seu nome completo, era agropecuarista e dono ou com participação societária em várias fazendas. Neste ano, informou ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) um patrimônio de R$ 110.808.417,35.
Começou sua carreira política bem cedo, aos 18 anos, quando se tornou vereador em Itumbiara, sua cidade natal, e o mais jovem no cargo no Brasil. O candidato esteve na Câmara local por duas legislaturas, e depois ascendeu a outros cargos: foi deputado federal por quatro mandatos, entre 1989 e 2003, em seguida, elegeu-se deputado estadual. Zé Gomes ainda foi coordenador regional da campanha de Fernando Collor (então no PTC) em 1989.
A primeira passagem pela prefeitura da cidade goiana foi iniciada na eleição de 2004, quando, então no PMDB, foi eleito com pouco mais de 65% dos votos válidos. Já no PP, o político foi reeleito em 2008 para um novo mandato, com 84,4% dos votos.
Seu prestígio ainda foi suficiente para eleger seu então vice, o atual prefeito Chico Balla (PTB), com 59,32% dos votos. Nesta eleição, buscava retomar o comando da cidade e, segundo a imprensa goiana, despontava como favorito e fazia campanha de "carreata da vitória". Pesquisas locais indicavam que tinha mais de 60% das intenções de voto.
"Salto" de R$ 109 milhões em patrimônio
De sua candidatura em 2008 para a deste ano, o político apresentou uma declaração de bens com um salto enorme: seu patrimônio passou de R$ 728.183,62 para R$ 110.808.417,35 no atual pleito. A atual declaração de bens levou o candidato a ser o maior doador da própria campanha, com um valor de R$ 180 mil cedidos. A outra única doação é de R$ 11 mil.
No período fora da prefeitura, Zé Gomes sonhava em ser candidato a vice-governador de Marconi Perillo (PSDB), mas ficou fora da disputa. O atual vice, José Eliton (PSDB), também foi baleado no atentado ocorrido no interior goiano.
Polemicas com MP
A época fora da legislatura municipal também culminou com polêmicas à frente da Saneago (Companhia de Saneamento de Goiás). Nomeado presidente da empresa, Gomes teve o nome envolvido em escândalos que culminaram com o pedido de exoneração feito pelo Ministério Público - que também fez a alusões a irregularidades supostamente ocorridas no período em que era deputado federal e prefeito de Itumbiara.
O ex-prefeito chegou a ser condenado por improbidade administrativa pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região e pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) por mau uso do dinheiro público.
A polêmica fez Gomes ser alvo de duas ações de impugnação de sua candidatura por parte da coligação do adversário Álvaro Guimarães (PR) e pelo próprio MP estadual. No entanto, teve o direito de concorrer ao pleito assegurado.
Um dos processos contra o candidato impetrados pelo MP de Goiás era por improbidade administrativa da época em que era prefeito. Gomes foi acusado de utilizar a máquina pública e servidores municipais em seu benefício e do agropecuário Júlio Cezar Vaz de Melo. Zé Gomes foi absolvido pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO).
Envolvido com futebol
Presidente de honra do Itumbiara Esporte Clube, equipe local de futebol, o político também foi alvo de polêmicas na gestão esportiva. O MP pediu a abertura de um processo à Justiça acusando Gomes de usar recursos públicos destinados a seu gabinete como deputado federal para contratar jogadores ao time. Após várias apelações, Gomes foi absolvido da ação em 2015 pelo Tribunal Regional Federal (TRF), o que abriu caminho para a sua candidatura neste ano.
Mesmo no mandato de prefeito, Zé Gomes não se distanciou da equipe local. Em 2010, como prefeito, invadiu o gramado de um jogo do Itumbiara para reclamar da arbitragem e chegou até a tentar agredir o árbitro. Um ano antes, o ex-atacante Ronaldo fez sua estreia pelo Corinthians em jogo contra o Itumbiara pela Copa do Brasil. A equipe goiana havia montado, sob a batuta do prefeito, um elenco badalado para comemorar os 100 anos da cidade.
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