Atual prefeito e seu antecessor vão ao segundo turno em Maceió

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

  • Reprodução/Facebook

    Rui Palmeira (PSDB), 40, à esq., e Cícero Almeida (PMDB), 58, foram para o 2º turno

    Rui Palmeira (PSDB), 40, à esq., e Cícero Almeida (PMDB), 58, foram para o 2º turno

O atual prefeito de Maceió (AL), Rui Palmeira (PSDB), 40, e o deputado federal Cícero Almeida (PMDB), 58, ex-prefeito da cidade, vão para o segundo turno na disputa pela prefeitura da capital alagoana. O resultado confirma a polarização apontada pelas pesquisas eleitorais durante a campanha. Palmeira liderou o primeiro turno, com 46,9% dos votos válidos, contra 24,8% de Almeida.

Cícero Almeida tenta voltar ao cargo --ele já administrou a capital alagoana por dois mandatos consecutivos, de 2005 a 2012,-- enquanto Rui Palmeira quer se manter no posto. 

Também participaram da disputa os deputados federais João Henrique Caldas (PSB), 29, e Paulão (PT), 59, além de Fernando do Village (PMN), 50, Gustavo Pessoa (PSOL), 42, e Paulo Memória (PTC), 53.

Radialista, repórter policial e cantor, José Cícero Soares de Almeida nasceu na cidade de Maribondo em 8 de janeiro de 1958. Prefeito de Maceió por oito anos (2005-2012), ele foi eleito deputado federal pelo PRTB em 2014. Depois, transferiu-se para o PMDB.

Há um processo contra ele no STF (Supremo Tribunal Federal) por favorecimento de empresas de coleta de lixo, a chamada Máfia do Lixo, em sua administração de Maceió. Soma também duas condenações na Justiça sobre o "Escândalo das Taturanas", esquema de fraudes de pagamentos de mais de R$ 200 milhões ocorrido na Assembleia Legislativa de Alagoas, além de ter sido condenado por improbidade administrativa por contrato irregular de uma ONG no Carnaval de 2008. Por causa deste último, ele foi condenado à perda da função pública, suspensão dos direitos políticos por cinco anos e proibição de contratar com o poder público, mas recorreu da sentença. Almeida também responde a processo no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por infidelidade partidária, pois trocou o PRTB pelo PSD fora da janela permitida pela legislação eleitoral.

Cícero Almeida negou que existe a "Máfia do Lixo" e afirmou  que a Prefeitura de Maceió permanece com os mesmos contratos que foram licitados na gestão dele com as mesmas empresas, inclusive, a "atual administração fez recentemente um acordo para pagar R$ 56 milhões de reais a essas empresas".

Sobre o processo das "Taturanas", Almeida diz que não participou de nenhuma ilegalidade e "possui uma situação diferenciada que não realizou nenhum ilícito e ele deve ser inocentado."

Quanto à decisão do processo da ONG, o deputado explica que "não se reveste de caráter contratual, vez que o mesmo trata-se de entidade não governamental, e segundo porque o caso em questão não se enquadra em ato de improbidade administrativa, já que não houve dano ao erário público".

Sobre a troca de partido, ele afirmou que ocorreu por justa causa e foi "reconhecido pelo Ministério Público Eleitoral hipótese em que a legislação eleitoral permite."

Advogado nascido em Maceió, Rui Soares Palmeira é filho de Guilherme Palmeira, ex-governador de Alagoas, ex-prefeito de Maceió e ministro aposentado do TCU (Tribunal de Contas da União). Começou a carreira política em 2006, quando foi eleito deputado estadual. Em 2010, foi eleito deputado federal. Dois anos depois, foi eleito prefeito de Maceió em primeiro turno, sendo o primeiro tucano a liderar a capital alagoana. A gestão de Rui notabilizou-se por medidas no trânsito, com a implantação das faixas exclusivas de ônibus nas principais avenidas de Maceió e licitação das empresas de ônibus. Ainda nos seus quatro primeiros anos, foram realizadas obras importantes na orla marítima e construção de vias, como a que ligou as praias de Cruz das Almas e Jacarecica.

Campanha

Com a polarização de Almeida e Palmeira nas pesquisas eleitorais durante a campanha, os dois candidatos acirraram a disputa trocando farpas. Almeida tentou comparar sua gestão com a de Palmeira e apresentou números que mostrariam que seu mandato realizou mais obras que a de Palmeira. Os números de obras, porém, foram rebatidos e a campanha ganhou notoriedade pelas contestações de ambas as partes. Dentre as obras, a construção da avenida Pierre Chalita, na parte alta da cidade, feita por Almeida e que precisou ser reparada logo no primeiro mês de governo de Palmeira por apresentar problemas na drenagem das chuvas.

Em diversos debates, Cícero lembrou que Rui fechou a única maternidade municipal, enquanto Palmeira rebatia, afirmando que precisou reformar os postos de saúde, que estariam abandonados quando assumiu a gestão. Outro ponto acirrado foi sobre a mobilidade urbana. Rui usou o fato de ter realizado a licitação do transporte público e implantação de faixas exclusivas de ônibus. Almeida, porém, disse que as mudanças não trouxeram mais qualidade ao serviço e serviram apenas para aumentar o preço da passagem (hoje custando R$ 3,15).

Durante a campanha, Palmeira acusou Almeida de uso da máquina estadual e o governador Renan Filho (PMDB) de participar excessivamente da propaganda do adversário. O tucano tentou impedir na Justiça que Almeida usasse depoimento do governador, mas a Justiça não acolheu o pedido. Devido aos ataques de Palmeira a Almeida, o peemedebista conseguiu 36 minutos em direito de resposta distribuídos no guia eleitoral.

Os dois candidatos tiveram o mesmo tempo no guia eleitoral, com 3 minutos e 30 segundos. A coligação de Almeida, intitulada "Pra Maceió Voltar a Crescer", reuniu 12 partidos (PMDB / PTdoB / PHS / PV / PSC / PRB / PSD / PTB / PTN / PRTB / PCdoB / SD). Já a de Palmeira foi chamada de "Pra Frente Maceió" e reuniu sete partidos (PSDB / PP / PR / PPS / PDT / DEM / Pros).

Na tentativa de voltar ao cargo de prefeito, Almeida gastou R$ 2.003.772,73 durante a campanha -- dados do dia 21 de setembro -- o dobro que todos os candidatos a prefeito de Maceió juntos. O maior gasto dele foi de R$ 1.003.000,00 com serviços prestados por terceiros. Já Palmeira, teve o gasto de R$682.003,88, sendo R$ 325.804,75 com publicidade por materiais impressos.

Dados socioeconômicos

O candidato vencedor vai governar uma cidade com 1 milhão de habitantes e que tem a violência como um dos principais problemas, com taxa de 73,7 HAF (Homicídios por Arma de Fogo) por 100 mil habitantes, segundo o Mapa da Violência 2016. (2º pior índice entre as capitais brasileiras. O Brasil tem 30,3 HAF por 100 mil habitantes). O PIB de Maceió é de R$ 29,5 bilhões, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro Geografia e Estatística), de 2014. Maceió tem índice de mortalidade infantil de 22  por mil nascidos vivos (a média do Brasil é de 16,7 por mil), taxa de analfabetismo de 14,43% (no Brasil a taxa é de 11,82%) e 32,7% de domicílios com renda per capita mensal até meio o salário mínimo.
 

Saúde, educação, segurança... É tudo culpa do prefeito?

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