Em debate no Rio, Freixo parte para o ataque, e Crivella foge de polêmicas

Do UOL, no Rio

  • Reprodução/TV Globo

    Marcelo Freixo (PSOL) e Marcelo Crivella participam do ultimo debate antes da votação

    Marcelo Freixo (PSOL) e Marcelo Crivella participam do ultimo debate antes da votação

No último debate antes da votação do segundo turno, os candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL) adotaram estratégias opostas. Enquanto Freixo partiu para o ataque durante o encontro, realizado nesta sexta-feira (28) na TV Globo, lembrando a ausência do adversário nos últimos debates e o criticando por suas alianças, Crivella evitou rebater as acusações e decidiu enfatizar as propostas.

Crivella terminou o primeiro turno com 27,8% dos votos válidos, seguido por Freixo, que obteve 18,37%. De acordo com a pesquisa Ibope divulgada nesta quinta-feira (27), o senador tem 46% das intenções de voto; Freixo (PSOL) registrou 29%.

Já no começo do debate, Freixo, que é deputado estadual, questionou o senador sobre uma declaração em que Crivella diz que as mulheres deveriam ser obedientes aos homens: "Você recentemente disse que as mulheres têm que obedecer mais aos homens porque, afinal de contas, são pedaço desse homem", afirmou.

"Quando eu falei da mulher ser um pedaço do homem, isso é uma parte da Bíblia. Não fala que é nem da cabeça, nem dos pés, é exatamente para ser igual, este é o princípio, servo igual, parceira. Assim que eu levo meu relacionamento com a minha mulher", disse o candidato do PRB.

Em outra rodada de perguntas, Crivella questionou Freixo sobre propostas para evitar superfaturamento e risco de desabamento em obras, citando como exemplo o caso do desabamento da ciclovia Tim Maia, na avenida Niemeyer. Em sua resposta, Freixo fez alusão às alianças de Crivella, citando com o ex-governador Anthony Garotinho. Crivella usou a réplica para afirmar que vai passar a exigir que cálculos para obras municipais sejam auditados por consultorias.

"Eu proponho que a prefeitura exija, em todo o projeto estrutural, que uma empresa de consultoria para confira cálculo. A Prefeitura apenas se preocupa com uso do solo, afastamento frontal, lateral, altura... e isso é pouco", afirmou.

Reprodução/Facebook
O senador Marcelo Crivella (PRB), candidato a prefeito do Rio de Janeiro

Propostas x ausências

O candidato do PRB manteve o tom formal e perguntou sobre propostas para o transporte público e para a infraestrutura da cidade, enquanto o adversário voltou a falar das ausências do senador em debates anteriores e sobre os apoios que estava recebendo de políticos que eram alvo de denúncias.

Quando teve nova oportunidade de questionar, o candidato do PSOL levantou a acusação de que apoiadores de Crivella fizeram ameaças à viúva do pedreiro desaparecido Amarildo de Souza. "Vale qualquer coisa para ser prefeito, Crivella?"

Na resposta, o senador Crivella disse ser "difícil a gente conter a militância depois de Freixo ter feito tantas ameaças e acusações infundadas. A senhora disse que não houve nenhuma ameaça".

Na tréplica, o candidato do PSOL acusou o senador de estar envolvido na Operação Lava Jato. "Você não quis tocar neste assunto, e corrupção tem que ter instrumentos públicos de debate, uma delas é não leiloar cargos", disse Freixo.

Crivella se defendeu dizendo que isso era uma "suposição". "A notícia é esta: ele diz que o delator quando fizer a delação vai citar, que me deu R$ 12 milhões para banners. Esse valor seria suficiente para cobrir o Rio de Janeiro inteiro? Os senhores assistiram às minhas campanhas todas, sempre modestas, nem aliança eu tive."

Reprodução/TV Globo
O deputado estadual Marcelo Freixo, candidato do PSOL a prefeito do Rio de Janeiro

Igreja e eleições

Crivella ainda aproveitou uma pergunta de Freixo para negar a existência de qualquer projeto político da Igreja Universal do Reino de Deus, da qual ele é bispo licenciado. "O Freixo só fala isso no seu programa de televisão, quero esclarecer que igreja não tem projeto político nenhum, absolutamente", disse ele, que depois fez uma pergunta sobre políticas públicas para animais.

Houve um raro momento em que o duelo deu uma trégua. O candidato do PRB também questionou o oponente sobre a contratação de organizações sociais para gestão de equipamentos de saúde do Rio. Na resposta, O candidato do PSOL fez críticas à atual gestão, de Eduardo Paes (PMDB), dizendo que a administração no geral é ruim, assim como qualidade dos serviços na área.

Crivella foi no embalo e também criticou o atual prefeito, preferindo falar sobre o modelo de gestão na área de transportes. "As companhias de ônibus não vão mandar, iam mandar no PMDB, que nós dois conseguimos tirar no segundo turno."

Quase no final do debate, Freixo voltou a questionar a relação de Crivella com a Igreja Universal ao citar a detenção de seu adversário durante tentativa de desocupação de um imóvel da entidade no Rio. O fato foi revelado pela revista "Veja" há uma semana.

A reportagem, publicada no dia 21 de outubro, conta que Crivella foi fichado na 9ª Delegacia de Polícia por invasão de domicílio, em janeiro de 1990. O então pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, da qual hoje é bispo licenciado, teria tentado expulsar um homem de um terreno da Universal.

No inquérito, ele é acusado pelo morador do terreno, Nilton Linhares, de ter chegado ao local com seguranças armados com revólveres, arrombado o portão com o pé de cabra e ameaçado sua mulher e filhas. "Peguei os caminhões que a gente tinha e fui para lá. Arrebentei aquela cerca. Comecei a tirar as coisas dos caras e botei em cima do caminhão. Mas não toquei nas pessoas", disse Crivella à revista "Veja".

Freixo acusou o adversário de ter sido "violento" ao tentar tirar a família que ocupava o imóvel. Crivella respondeu dizendo que, "do jeito que ele (Freixo) fala de mim, parece que eu saí de Bangu ontem. Não há nada contra mim, nunca foi preso".

O senador chegou a solicitar na Justiça o direito resposta à revista, inicialmente concedido pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) nesta quinta-feira (28). A decisão foi suspensa pelo ministro Teori Zavascki, do STF (Supremo Tribunal Federal), na noite desta sexta-feira (28).

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