Com melhora no Ibope, Melo muda postura; debate tem troca intensa de farpas

Flávio Ilha

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

  • Rodrigo Souza/Estadão Conteúdo

    Sebastião Melo (PMDB, à esquerda) e Nelson Marchezan Jr. participam do debate

    Sebastião Melo (PMDB, à esquerda) e Nelson Marchezan Jr. participam do debate

O candidato do PMDB a prefeito de Porto Alegre, o vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB), partiu para a ofensiva no último debate transmitido pela RBS TV, nesta sexta-feira (28), e acusou o seu adversário, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), de mentir no episódio do suposto atentando a seu comitê, ocorrido último final de semana. O tucano manteve o ataque a atual administração como fez em outros debates.

Pesquisa divulgada pelo Ibope na tarde desta sexta apresentou o tucano com 44% das intenções de voto, contra 36% do peemedebista. A margem de erro é de três pontos percentuais.

Melo, em sua primeira intervenção, atacou o rival: "Na última semana, candidato, um vendaval atingiu seu comitê. Mas o senhor gravou um vídeo dizendo que houve um atentado, listando até a quantidade de tiros. Colocou a cidade em pânico. Agora, a Polícia Federal fala em vendaval. Vai pedir desculpas [à população] pela mentira?".

Na sua resposta, Marchezan - que adotou uma postura defensiva e frequentemente queixosa em relação a Melo - disse que baseou sua afirmação na opinião das autoridades e que não havia nada a explicar. Também afirmou que não gravou um vídeo com as afirmações, mas respondeu as perguntas de um jornalista no seu comitê.

Animado pelo crescimento de três pontos percentuais na pesquisa do Ibope, divulgada pouco antes do debate, Melo voltou à carga e acusou seu adversário de tentar obter benefício eleitoral com o episódio. Disse ainda que quem "inventa um atentado pode inventar qualquer coisa".  O peemedebista mencionou ainda que Marchezan acionou o senador Aécio Neves (PSDB) para gestionar a intervenção da PF na eleição deste domingo, se referindo ao pedido do tucano mineiro ao governo federal para que houvesse escolta da Polícia Federal aos dois candidatos.

"O senhor diz uma coisa e faz outra. Diz que servidor público é vagabundo, mas depois vai no seu programa puxar o saco dos funcionários. Diz que taxista tem que puxar carroça, mas depois defende a categoria na TV. Diz que juiz é ladrão de toga, no programa desfaz isso. O senhor é o dono da verdade?", fustigou Melo.

O embate direto foi a tônica do programa, graças ao formato adotado que previa perguntas diretas entre os candidatos com temas livres. Marchezan reclamou da agressividade de Melo e o candidato do PMDB respondeu que estava apenas falando a verdade. "E a verdade dói", completou. O tucano, por sua vez, passou o debate inteiro chamando Melo de "candidato de 12 anos" – referência ao período em que a atual gestão está na prefeitura.

Melo também bateu na falta de experiência administrativa de Marchezan e lembrou que o tucano foi diretor do Banco do Estado do Rio Grande do Sul por indicação política. "Como o senhor vai se comportar na gestão de uma cidade como Porto Alegre?", questionou. "Certamente não como o senhor, já que seus resultados são péssimos", respondeu Marchezan.

Segurança

No tema da segurança, mais uma troca de farpas. Marchezan questionou como Melo iria administrar a área com um investimento previsto de apenas R$ 24 mil para 2017 e recebeu como resposta que uma administração municipal não tem poder para colocar policiais nas ruas. Também criticou a proposta de Marchezan de usar os pardais e lombadas eletrônicas para identificar criminosos.

"O senhor vai pagar horas extras para a BM? Vai botar brigadiano na rua? Em matéria de enrolação, o senhor é campeão, candidato. Pode ficar tranquilo", respondeu. "Não use o medo das pessoas para tentar emplacar propostas artificiais. Meu adversário trata os temas com superficialidade. É como tratar um câncer com aspirina", afirmou Melo.

O tucano explicou que os dados captados pelos pardais serão interligados com a Polícia Civil e a Brigada Militar, mas advertiu que isso só será possível a partir de convênios com as instituições. Além disso, acusou o governo municipal de ter desmantelado a estrutura do Centro Integrado de Controle e Comando – implantado na Copa e que administra os órgãos de segurança. "A cadeira da Polícia Civil está vazia. A cadeira da Brigada Militar está vazia", disse.

Melo respondeu com uma ironia: "O senhor adora papel, adora um convênio. Mas não é assim que se resolve o problema da segurança", afirmou. "Vai baixar um decreto no primeiro dia de governo para não termos mais latrocínio e roubo de carro?", perguntou.

Educação

No tema da educação, Marchezan acusou o atual vice-prefeito de ser responsável pela repetência de 50% no ensino fundamental. "Estamos a cada ano mais distante das metas do Ideb. Isso é responsabilidade da sua administração, vice-prefeito", afirmou o tucano.  "O senhor só é oposição em época de eleição. Se comporta com o diabo que nega a cruz", retrucou Melo acerca de participação do PSDB na atual gestão.

Outros temas, como o andamento das obras de infraestrutura da cidade, também foram tratados com provocações. Marchezan acusou a administração de não terminar as obras que deveriam estar prontas para a Copa do Mundo de 2014 e disse que as empreiteiras estão colocando seus funcionários em aviso prévio por falta de pagamento da prefeitura. "Nós só vamos começar obras quando não houver mais nada para entregar e sabendo com que recursos serão concluídas", disse.

No final, Melo tentou atrair votos dos eleitores de esquerda lembrando que ingressou na política para combater a ditadura e que é oriundo do campo popular. "Vou governar também para quem pensa diferente, para os que mais precisam, para a negritude, para as mulheres", defendeu.

Marchezan, por sua vez, encerrou sua participação afirmando que é o candidato da mudança observada no resultado do primeiro turno. "Esse momento [da mudança] chegou. Minha maior experiência foi conversar com o senhor e com a senhora. Eleição passa, mas a vida continua. Me considero um vencedor pois saio dessa campanha como uma pessoa melhor", disse.   

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