Greca chama Leprevost de "cópia mal feita" e diz se inspirar no papa
Janaina Garcia
Do UOL, em Curitiba
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RODRIGO FÉLIX LEAL/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Greca foi eleito prefeito de Curitiba com 53,25% dos votos
O prefeito eleito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), atribuiu a um trabalho de "desconstrução" do oponente, Ney Leprevost (PSD), a vitória neste segundo turno com 53,25% dos votos. Eleito para o cargo que deixou há 20 anos, Greca classificou Leprevost como "uma cópia mal feita de mim". "Eu olhava ele me imitando e não me reconhecia", afirmou.
O candidato do PMN chegou à sede do TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná) às 18h35 acompanhado do vice, Eduardo Pimentel (PSDB), assessores e vereadores.
Indagado sobre o grande número de votos brancos, nulos e abstenções (422 mil, que representam 32,75% dos eleitores), Greca disse que quer se "inspirar" no papa Francisco para atrair esses que, para ele, são "desiludidos" com a política.
"Quero usar a verdade por método, a transparência por instrumento e o papa Francisco por modelo. Quero exercer a política como forma suprema de amor e caridade, de caridade fraterna. Vou me inspirar muito em sua santidade, quero ser um prefeito muito simples, quero estar onde o povo está".
Como Greca superou até "cheiro de pobre" para vencer em Curitiba
Greca avaliou que a campanha "acertou ao ouvir os anseios do povo e ao trabalhar fortemente naquilo que o povo mais queria", sobretudo, segundo ele, por meio das propostas para saúde, segurança e educação.
"Vou começar a trabalhar amanhã, a cidade tem que ser recomposta. Ontem [sábado] fiz uma carreata e saí espancado pelos buracos. Tive até que passar Cataflam [anti-inflamatório] na barriga", disse.
Abstenções são de "pessoas desiludidos com a política"
Ainda sobre o alto número de abstenções no pleito curitibano, Greca avaliou que o índice representa o de "órfãos de antigas bandeiras que a [Operação] Lava Jato pulverizou". "São pessoas desiludidas com a política. Espero fazer um serviço público transparente".
Ele afirmou ainda que vai pedir nesta segunda (31) ao prefeito Gustavo Fruet (PDT) a cessão de uma sala no Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), onde Greca é engenheiro urbanista concursado, para que possa começar os trabalhos de transição. Caso o pedido seja negado, afirmou que trabalhará em seu próprio escritório.
"Vamos tirar Curitiba do vermelho"
Mais tarde, na festa da vitória, no Centro Cívico, Greca apareceu no trio elétrico ladeado pelo governador Beto Richa (PSDB) e a mulher, Fernanda Richa, e por políticos como o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB), o presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB). Houve uma farta queima de fogos em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo paranaense.
Principal cabo eleitoral do prefeito eleito, Richa, que pouco apareceu na campanha de Greca, o exaltou como "o mais preparado, mais experiente e mais qualificado tecnicamente". O tucano ainda agradeceu aos representantes dos partidos da coligação: "vocês vestiram a camisa".
No discurso, em que evocou mensagens de cunho religioso e frases de efeito, Greca salientou o que ele chamou de parceria entre a futura gestão e o governo Richa e anunciou que o setor de transportes, com a integração entre transportes municipal e metropolitano, deve ser um dos primeiros a ser contemplado.
"A Curitiba da Lava Jato não tolerou aqueles que quiseram transformar a prefeitura em uma trincheira, e em um governo que o Brasil repudia. De repente, nós podemos dizer, depois dessa vitória: agora vamos tirar Curitiba do vermelho", disse, para completar: "Nunca mais vamos chorar por falta de recursos".
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