Mesmo com vitória, Doria tem pior desempenho do PSDB em SP desde 1990

Do UOL, em São Paulo
Aloisio Mauricio/Estadão Conteúdo
João Doria (PSDB) comemora vitória ao lado do vice Rodrigo Garcia (DEM)

Apesar de ter sido eleito governador de São Paulo, João Doria (PSDB) teve o pior desempenho de seu partido na disputa pelo governo do estado desde 1990. O tucano obteve 51,75% dos votos válidos, enquanto Márcio França (PSD) teve 48,25% -- uma diferença de apenas 741.507 eleitores.

Ao não decidir o resultado no primeiro turno, Doria já havia quebrado uma tradição que vinha desde 2006 de vitórias tucanas na primeira fase da eleição. 

Em 2014, Geraldo Alckmin foi reeleito com 57,31% -- ou mais de 12 milhões de votos. No pleito anterior, havia conseguido 50,63% dos votos, mas seu desempenho pode ser considerado melhor do que o de Doria neste ano, uma vez que foi eleito já no primeiro turno.

Com José Serra, em 2006, foram 57,9% dos votos – quase o dobro de Doria no primeiro turno, em 7 de outubro deste ano, quando alcançou apenas 31,77% dos votos.

Na primeira votação das eleições deste ano, Doria ficou bem distante da média de seus correligionários, inclusive com menos votos do que o total de eleitores que não escolheu candidato (a soma de brancos, nulos e ausentes).

A vitória de Doria dá sequência, entretanto, à hegemonia do PSDB em São Paulo, que já dura 24 anos. Desde 1994, o partido elege o chefe do Executivo paulista. Desde a sua fundação, em 1988, a sigla só não elegeu o governador do estado em 1990, quando o seu candidato, Mário Covas, ficou em terceiro lugar.

Em 1994, Covas foi eleito em segundo turno, com 56,12% dos votos. Quatro anos mais tarde, seria reeleito, após superar Paulo Maluf (então no PPB) no segundo turno, com 55,37% dos votos.

Com a morte de Covas, em 2001, Alckmin -- que era o vice -- assumiu o cargo. No ano seguinte, foi reeleito em segundo turno, com 58,64% dos votos, superando o candidato do PT naquela disputa, José Genoino.

Votação de nanico em disputa presidencial

Nas eleições presidenciais, o PSDB também amargou uma situação inédita nos últimos 24 anos: desde 1994, todos os tucanos que concorreram foram pelo menos ao segundo turno. Em 2018, o candidato da sigla, Geraldo Alckmin, alcançou apenas 4,76% dos votos e ficou de fora, chegando apenas em quarto lugar e somando pouco mais de 5 milhões de votos.

Bolsodoria ajuda ou atrapalha?

Com seu colega de partido e mentor Alckmin fora do pleito no segundo turno, Doria fez um esforço extremo para colar sua imagem à de Jair Bolsonaro (PSL), que sempre esteve à frente das pesquisas. O discurso, parecido com o do presidente eleito, falava em endurecer a atuação da polícia no combate ao crime, entre outras propostas.

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Doria tentou se encontrar com Bolsonaro em 12 de outubro, mas o capitão não o recebeu na ocasião. Depois, gravou um vídeo em que desejava boa-sorte ao tucano, sem anunciar um apoio oficial. A campanha de Doria na TV, contudo, utilizou a declaração e passou a propagar a expressão Bolsodoria.

O método, no entanto, não funcionou na capital – ele alcançou apenas 41,9% dos votos do eleitor paulistano (França ficou com 58,1%) no segundo turno. O número é menor do que há dois anos, na eleição para prefeito de São Paulo, quando o candidato tucano venceu no primeiro turno, com 53,29%. Fernando Haddad, que disputava a reeleição e ficou em segundo, teve apenas 16,7%.