"Bin Laden estaria protegido no Brasil", diz senador ao criticar decisão sobre Battisti
Camila Campanerut e Maurício Savarese<br> Do UOL Notícias
Em Brasília
09/06/2011 16h51
Ex-procurador da República, o senador Pedro Taques (PDT-MT) foi à tribuna nesta quinta-feira (9) para criticar a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de não reverter a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que viabilizou a libertação do ex-ativista italiano Cesare Battisti. Para ele, parlamentar de primeiro mandato e pertencente a um partido que apóia a presidente Dilma Rousseff, o Brasil desrespeitou um tratado que tem com o país europeu.
“A decisão do Supremo de ontem é lamentável. Se Bin Laden estivesse vivo e fugisse para o Brasil, aqui estaria confortavelmente protegido. Graças a Deus, ele não fugiu”, afirmou o parlamentar. "Nós estamos nos transformando, com perdão da palavra, em um país 'cafofo de criminosos', esconderijo de criminosos, 'mocó' de criminoso. O Brasil não pode se transformar num país dessa ordem".
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Na quarta-feira (8), o STF decidiu manter uma decisão tomada no último dia de mandato de Lula no Palácio do Planalto: manter o ex-ativista no Brasil depois de uma decisão do próprio Supremo de dar ao presidente da República a última palavra sobre o destino do italiano. Battisti nega os crimes e foi libertado do presídio da Papuda nesta madrugada.
Antes, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) havia pedido a palavra para comemorar a votação. Visivelmente transtornado com as declarações de Taques, Suplicy disse que não era possível comparar Battisti com Bin Laden.
“Laden não veio ao Brasil. Por outro lado, ele disse ser responsável pelos atentados que mataram mais de 3.000 nas torres de Nova York e no Pentágono. Enquanto que Cesare Battisti vem há quatro anos afirmando que não cometeu os quatro assassinatos pelos quais foi condenado à prisão perpétua. A Constituição brasileira não permite a prisão perpétua”, afirmou o senador petista.
Suplicy ressaltou que se caso for, de fato, levado a em instâncias internacionais como o Tribunal de Haia (Holanda), será uma oportunidade para Battisti poder se explicar. “E mesmo que a Itália vá para Haia, então se proverá a oportunidade para ele, em liberdade, dizer e comprovar que não cometeu os quatro assassinatos (...). Foi comprovado que os defensores de Cesare Battisti falsearam a procuração que os designava para defender e não defenderam Cesare Battisti na Corte italiana e na Corte europeia”, acrescentou.