Advogado de Deborah e Jorge Guerner diz que vai pedir anulação do julgamento
Débora Zampier<br>Da Agência Brasil
Em Brasília
21/07/2011 19h57
Paulo Sérgio Leite Fernandes, advogado da promotora Deborah Guerner e do marido dela, Jorge Guerner, disse que irá pedir a anulação do julgamento que ocorreu na tarde desta quinta-feira (21) no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região.
A corte especial do TRF1 aceitou a denúncia para abrir ação penal contra o delator do mensalão do Distrito Federal (DF), Durval Barbosa, os membros do Ministério Público local Leonardo Bandarra e Deborah Guerner e outras três pessoas supostamente envolvidas em um esquema de extorsão contra o ex-governador José Roberto Arruda. De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, o grupo pediu R$ 2 milhões para não divulgar um vídeo em que Arruda aparece recebendo dinheiro de Durval Barbosa.
As outras pessoas que respondem à denúncia são o marido de Deborah, Jorge Guerner, o ex-presidente do grupo Paulo Otávio, Marcelo Cavalho, e a servidora pública Cláudia Marques. O casal Guerner chegou a aparecer no julgamento pela manhã, mas deixou o tribunal após Deborah se sentir mal. O único que acompanhou o julgamento até o final foi Bandarra.
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"Precisava de meia hora para terminar a defesa e protestei porque só tive 20 minutos. Eu tenho o tempo que a lei me dá, nenhum minuto a mais, nem um minuto a menos. Isso vai anular o julgamento, com certeza. Eu vou ao Supremo, se necessário".
Ele também disse que, justamente por falta de tempo, não declarou ao tribunal que a cliente dele é inocente. "A doutora Deborah é absolutamene inocente. Ela é bipolar, de uma forma ou de outra, não merece sanção penal."
Fernandes também criticou o fato de a relatora ter exibido vídeos gravados pelo circuito interno da casa do casal Guerner durante o julgamento. "Eu me senti muito injuriado com a exposição do casal, o doutor Jorge [Guerner] em trajes menores, exposto. Eles têm que ser protegidos na sua intimidade. Isso não vai se repetir, com certeza."
Posição da corte
"O que está demonstrado com a denúncia traz no mínimo a certeza de que explicações são necessárias. Há elementos nos autos que embasam a denúncia", disse a relatora Mônica Sifuentes. Os desembargadores concordaram que há indícios contra os envolvidos e que apenas uma investigação mais detalhada pode esclarecer se houve crime ou não.
Fatos apurados até agora indicam que Deborah e Jorge Guerner participaram diretamente da chantagem a Arruda com o vídeo cedido por Durval Barbosa. Bandarra é acusado de planejar a extorsão com o casal Guerner. A servidora Cláudia Marques é acusada de ser a intermediária entre Barbosa e o casal Guerner. Já Marcelo Carvalho, segundo a denúncia, participou da reunião em que Guerner tentou extorquir Arruda. Os fatos ocorreram em meados de 2009.
O único magistrado que não acompanhou integralmente o voto da relatora foi o desembargador Jirair Meguerian. Para ele, não ficou comprovado o envolvimento direto Bandarra e Marcelo Carvalho na extorsão a Arruda.
Ficou marcado para o dia 18 de agosto o julgamento da ação na qual Deborah e Jorge Guerner, Leonardo Bandarra e Cláudia Marques são acusados de cobrar propina para passar informações sobre a Operação Megabyte, da Polícia Federal, para Durval Barbosa.
De acordo com a denúncia, isso permitiu que o ex-secretário de Relações Institucionais do DF destruísse documentos comprometedores antes da ação ocorrer. Na ação, o quarteto responde por concussão (exigir vantagem em razão da função), formação de quadrilha e violação do sigilo funcional.