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Maia recebe transcrição de diálogos em que Costa Neto e acusado da Operação Porto Seguro são citados

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

29/11/2012 18h29Atualizada em 29/11/2012 19h20

O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), confirmou nesta quinta-feira (29) que recebeu ontem da Justiça Federal trecho do inquérito da Operação Porto Seguro com a transcrição de diálogos que citam o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP).

Segundo Maia, o documento, que tem entre 30 e 40 páginas e não tem caráter sigiloso, foi encaminhado para análise técnica na Câmara. O presidente da Câmara pode repassar o documento à Corregedoria da Casa para eventualmente apurar a conduta do parlamentar.

Investigação da Polícia Federal identificou a ligação de Costa Neto, condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão, com Paulo Rodrigues Vieira, acusado de chefiar um grupo que atuava em órgãos federais fraudando pareceres para beneficiar interesses privados.

“Não fiz uma leitura aprofundada dos documentos, mas o que aparece são aquelas conversas envolvendo o deputado Valdemar da Costa Neto. Não há nenhuma outra novidade no material que foi enviado para a Câmara dos Deputados, mas eu vou poder falar com mais segurança depois que passar pela análise técnica da Câmara para quem eu já enviei o material e poderá fazer uma leitura mais pormenorizada do documento”.

A investigação

Na sexta-feira (23), a PF prendeu seis pessoas acusadas de participar de organização criminosa que funcionava infiltrada em órgãos federais para favorecer interesses privados na tramitação de processos. As prisões foram efetuadas em São Paulo, Santos e Brasília. Foram presos em Brasília dois servidores públicos e um advogado, além de dois advogados em Santos e um empresário na capital paulista. Ao todo, 18 pessoas foram indiciadas.

A investigação que desbaratou o esquema começou em março de 2011. A PF foi procurada por um servidor do TCU (Tribunal de Contas da União) que disse ter recebido uma proposta para receber R$ 300 mil em troca de elaborar um parecer técnico beneficiando um grupo empresarial do setor portuário.

A testemunha teria se arrependido após receber R$ 100 mil e denunciado o esquema à Polícia Federal. A instituição afirmou que no decorrer da investigação descobriu que a denúncia dele não era um caso isolado. Os membros da quadrilha passaram então a ser identificados e investigados.

A quadrilha cooptava servidores de órgãos públicos para acelerar a tramitação de procedimentos e elaborar pareceres técnicos fraudulentos a fim de beneficiar interesses privados.

Os indiciados responderão pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, formação de quadrilha, tráfico de influência, violação de sigilo funcional, falsidade ideológica e falsificação de documento particular, cujas penas podem ir de 2 a 12 anos de prisão.