Decisão do STF sobre projeto que limita novos partidos deve demorar mais 2 semanas
![O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes com senadores em apoio à decisão de suspender tramitação do projeto de lei que restringe novos partidos - Alan Marques/Folhapress](https://conteudo.imguol.com.br/2013/04/30/30abr2013---o-ministro-do-stf-supremo-tribunal-federal-gilmar-mendes-recebeu-nesta-terca-feira-30-na-sede-da-corte-um-grupo-de-senadores-que-foram-manifestar-apoio-ao-ministro-por-ele-ter-1367355400377_615x300.jpg)
Parado por força de liminar do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, o projeto de lei que prejudica novas legendas não deve ser votado no plenário do Supremo antes de duas semanas.
Apenas depois das informações do Senado e da Câmara e do parecer da Procuradoria Geral da República, Mendes irá elaborar seu voto e pedirá ao presidente da Suprema Corte para colocar o tema em votação para que os demais nove ministros decidam se mantêm ou não a suspensão da tramitação do projeto.
Na última quinta-feira (25), Mendes acolheu o pedido de liminar do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) para suspender o andamento da proposta no Senado. Ela estava em iminência de ser votada em regime de urgência.
Desde então, corre o prazo de dez dias para o Senado e a Câmara dos Deputados prestarem informações ao magistrado sobre a tramitação e a legalidade do projeto. A Câmara já entregou nesta terça-feira (30) as informações. O Senado tem até 6 de maio para fazê-lo.
Depois de receber as informações das duas Casas, Gilmar Mendes disse a senadores que irá pedir informações sobre o assunto à PGR (Procuradoria Geral da República), que também tem mais dez dias corridos para devolver uma análise sobre o assunto. O prazo se estenderia até 16 de maio.
Nesta terça, um grupo de senadores se reuniu com Gilmar Mendes para expor o apoio à decisão dele de interromper o andamento da proposta no Senado e criticar o governo federal por pressionar os parlamentares a votar uma proposta que beneficia diretamente a presidente Dilma Rousseff nas eleições de 2014.
“Foi um bom encontro, nós manifestamos a nossa posição favorável à decisão do STF. Entendemos que o Supremo é o guardião da Constituição e cabe a ele dar a última palavra em matéria constitucional”, resumiu Rollemberg.
“Ele [Gilmar Mendes] disse que vai buscar a posição da PGR (Procuradoria Geral da República), aguardar as informações do Senado Federal e vai submeter o mérito do mandado de segurança ao plenário do STF”, completou o senador.
Depois de se reunir com os parlamentares, a reportagem procurou o ministro Gilmar Mendes, mas, por meio de assessores, ele disse que não iria se manifestar.
O projeto de lei impede que parlamentares que mudam de partido durante o mesmo mandato transfiram para a nova legenda parte do fundo partidário e do tempo no rádio e na TV que tinham direito no partido de origem.
O projeto é defendido pelos parlamentares da base governista, em especial o PT e o PMDB, que compõem a maioria no Congresso Nacional. Com a aprovação da proposta, a principal prejudicada seria a presidenciável Marina Silva (ex-PT e ex-PV), que tenta constituir um novo partido, o Rede Sustentabilidade.
“Esse projeto casuístico [oportunista] impõe ao conjunto de senadores, mesmo aqueles da maioria parlamentar, um enorme constrangimento. Viemos externar ao ministro Gilmar Mendes que a decisão dele acudiu a democracia e o estado democrático de direito”, justificou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
Ontem, Mendes recebeu os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que defenderam o projeto e tentaram retomar o diálogo entre os dois Poderes após críticas mútuas de interferência de um Poder no âmbito do outro.
Na semana passada, o líder do DEM na Câmara e o presidente nacional do DEM, o senador Agripino Maia (RN), também fizeram uma visita ao magistrado para defender o projeto.
Na visão dos democratas, a proposta fortalece os atuais partidos políticos e elimina a distorção anterior que os parlamentares usem do tempo de televisão e a fatia do Fundo Partidário como pressão contra as suas próprias legendas.
“Eu fico na tese: você carregar tempo de rádio e fundo partidário livremente é você instituir 513 partidos políticos mais 81. Cada senador e cada deputado são um partido político com um pedacinho de tempo de rádio e de TV e Fundo Partidário à disposição de interesses e não à disposição de uma formulação programática [um partido] que o elegeu, inclusive”, argumentou Agripino Maia ao UOL.
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