Monica Moura diz que Dilma usou e-mail secreto para avisar de prisão na Lava Jato
Felipe Amorim
Do UOL, em Brasília
11/05/2017 16h32Atualizada em 11/05/2017 17h26
Mônica Moura, mulher do publicitário João Santana, afirmou em seu acordo de delação premiada que foi avisada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) de que o casal seria preso pela Operação Lava Jato, três dias antes de vir a público as ordens de prisão. O alerta foi feito por uma conta secreta de e-mail, de conhecimento apenas de Dilma e Mônica, segundo o relato.
O sigilo da delação foi levantado nesta quarta-feira (11).
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O casal foi preso em fevereiro de 2016, na 23ª fase da Operação Lava Jato, suspeitos de receber pagamentos com origem em dinheiro desviado da Petrobras.
Segundo o relato de Mônica, Dilma acertou com ela, durante encontro no Palácio da Alvorada, residência oficial da então presidente, a criação de um e-mail fictício para que o casal fosse avisado sobre o andamento das investigações.
Segundo Mônica, Dilma manifestou preocupação com a possibilidade de a Lava Jato rastrear pagamentos de caixa dois feitos a João Santana na Suíça por sua atuação na campanha eleitoral do PT.
O e-mail foi criado no notebook da presidente, durante esse encontro na biblioteca do Palácio da Alvorada, com um nome e senha fictícios, de conhecimento apenas de Mônica, Dilma e um assessor da presidente.
Em seu depoimento, Mônica disse que a estratégia consistia em deixar as mensagens salvas no rascunho do e-mail. Dessa forma a outra parte conseguia acessar o conteúdo da mensagem sem que ela precisasse ser enviada.
De acordo com o relato da empresária, ela foi avisada no dia 19 de fevereiro de 2016, uma sexta-feira, de que havia mandados de prisão contra o casal. A operação que prenderia o casal, a 23ª fase da Lava Jato, só foi deflagrada no dia 22 de fevereiro daquele ano. O casal estava no exterior na ocasião, e posteriormente se entregou à polícia.
Segundo Mônica, Dilma teria sido informada sobre o andamento da operação pelo então ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. A empresária afirmou, em seu acordo de colaboração, que, após o encontro no Alvorada, Dilma teria lhe dito a seguinte frase: “Precisamos manter contato frequente de uma forma segura para que eu lhe avise sobre o andamento da operação, estou sendo informada de tudo frequentemente pelo José Eduardo Cardozo", segundo consta do termo de colaboração judicial.
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo, decidiu nesta quinta-feira (11) retirar o sigilo da delação premiada do publicitário João Santana e da mulher dele, Monica Moura.
A delação foi homologada em abril pelo ministro do STF. Além de João Santana e Monica Moura, também firmou acordo de colaboração André Santana, que trabalhava com Monica Moura.
A delação traz o relato de pagamentos irregulares de campanha, por meio de caixa dois, em campanhas de políticos do PT, como as campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, em 2006, e nas duas campanhas da ex-presidente Dilma, em 2010 e 2014.
Outro lado
Em janeiro, Cardozo afirmou ao jornal “Folha de S.Paulo” que nem ele nem a então presidente tinham “informações privilegiadas sobre as investigações” e que o relato de Mônica Moura “não procede”, disse o ex-ministro.
A ex-presidente Dilma divulgou nota sob o título sobre a declaração do casal João Santana e Monica Moura:
"Dilma: Fim do sigilo chega tarde e prejudicou a defesa no TSE