PF vai analisar dois gravadores em perícia de conversa entre Temer e Joesley
Bernardo Barbosa
Do UOL, em Brasília
23/05/2017 19h11
A Polícia Federal vai analisar dois gravadores durante a perícia do registro da conversa entre o presidente Michel Temer (PMDB) e o empresário e delator Joesley Batista, dono do frigorífico JBS e da holding J&F.
Segundo o delegado da Polícia Federal Josélio Azevedo, um dos gravadores já chegou ao Brasil. Ele não disse à reportagem quando o outro vai chegar, nem de que local vieram os aparelhos. O delegado lidera a equipe que atua nos inquéritos da PF envolvendo nomes com direito a foro privilegiado no STF (Supremo Tribunal Federal) --como o presidente e parlamentares.
Azevedo conversou com o UOL após palestra no evento Interforensics, realizado em Brasília, da qual também participaram o diretor do INC (Instituto Nacional de Criminalística), Mauro Magliano, e o chefe dos peritos da Operação Lava Jato em Curitiba, Fábio Salvador.
Questionado durante a palestra sobre as pressões externas para que pessoas investigadas sejam punidas, Magliano falou sobre a necessidade de o perito “trabalhar com o cuidado de não se contaminar por opiniões” e enalteceu o trabalho dos peritos da Polícia Federal em relação a perícias independentes.
“Nosso chefe não é o caso A ou o caso B”, afirmou.
Nesta segunda-feira (22), o perito Ricardo Molina, contratado pela defesa de Temer, fez uma extensa apresentação buscando demonstrar que o áudio da conversa entre o presidente e Joesley Batista não pode ser usado como prova.
Mais cedo, em entrevista à “Folha de S. Paulo”, Salvador contestou o laudo contratado pela defesa de Temer. O perito criticou a apresentação de um laudo em tão pouco tempo sem a análise do aparelho usado para gravar.
Magliano também classificou como um “golpe duro” o contingenciamento orçamentário sofrido pela Polícia Federal, segundo ele de 44%. Ao mesmo tempo, disse que “a Lava Jato não acabou e não tem dia para acabar”.
“O legado da Operação Lava Jato é esperança. Hoje eu vi a condenação de Paulo Maluf no STF. As coisas mudaram muito no país”, disse.