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Lula critica Globo, pede saída de Temer e diz que não adianta trocar um "golpista" por outro

Gleisi: "Eleição sem Lula é fraude à democracia"

UOL Notícias

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

05/07/2017 23h06

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou seu discurso na noite desta quarta-feira (05), durante posse da nova presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), para fazer um alerta aos correligionários. Lula voltou a defender a saída do atual mandatário da República, Michel Temer (PMDB), mas afirmou que o motivo pelos quais os petistas querem o afastamento do presidente é diferente dos de outros setores da sociedade, entre eles a Rede Globo de Televisão.

“Quero chamar a atenção de vocês: eu vejo muita gente entusiasmada dizer que o Temer não vai durar mais uma semana porque a Comissão de [Constituição e] Justiça [da Câmara] vai pedir o afastamento. Ninguém quer mais o afastamento do Temer do que nós que estamos aqui nesse plenário, do que os trabalhadores brasileiros”, afirmou o petista.

“Agora é importante lembrar que a razão pela qual nós queremos a saída do Temer não é a mesma razão que a Globo quer. Porque nós temos clareza que nós queremos a saída do Temer porque nós queremos eleições diretas. O que é que eles querem?”, continuou.

“Já me disseram que tem construção de maioria na Comissão de Justiça, que o [presidente da Câmara] Rodrigo Maia [segundo na linha sucessória] já deve estar se preparando para ser o próximo presidente da República, o seguidor do golpe. E nós não podemos achar que um golpista é melhor que o outro. Golpista é golpista”, declarou Lula.

O petista se referia à denúncia oferecida pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e encaminhada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) contra o presidente Michel Temer, por crime de corrupção passiva. Para que a denúncia vire investigação, precisa ser aprovada na Câmara e, depois, no STF.

O ex-presidente defendeu que a mudança desejada é que o povo brasileiro “volte a ter o direito de escolher o seu presidente ou a sua presidenta”. “Errando ou acertando é o povo que tem o direito de tirar e de colocar. A gente não pode brincar de fingir que o que a Globo quer é para o bem do Brasil”.

“Se tem uma instituição nesse país que tem disseminado o ódio e a intolerância e que tem mentido ao meu respeito é essa Rede Globo de Televisão. Eu sinceramente acho que esse país não pode continuar tendo um canal de televisão que se dá o direito de dizer quem presta e quem não presta, de dizer que vai ser presidente e quem não vai ser”, disse, listando a seguir, em tom de brincadeira, os apresentadores Luciano Huck e Faustão como seus possíveis futuros adversários na eleição do ano que vem.

Ao fazer críticas ao governo Temer, Lula disse que “estamos brigando no varejo e eles estão brigando no atacado”. “As reformas que eles estão fazendo, demolindo tudo aquilo que nós conquistamos desde 1943 quando foi instituída a CLT, com a maior desfaçatez. Que país que eles querem deixar depois do desmonte que eles estão fazendo? O que é que vai sobrar? O que está em jogo, além do desmonte, é a construção de um novo Estado. É uma definição do papel do Estado”, comentou.

Dilma endossa críticas a Temer e “golpistas”

No início do ato desta noite, após a execução do Hino Nacional, os presentes gritaram repetidamente “fora, Temer”, pedindo a saída do presidente Michel Temer (PMDB), que assumiu o poder após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, recebida hoje sob gritos de “volta, Dilma”.

Em breve discurso, Dilma falou dos efeitos da crise política causada pela delação premiada dos executivos do grupo J&F, que levaram a PGR (Procuradoria-Geral da República) a denunciar Temer pelo crime de corrupção passiva.

"A história está sendo severa e implacável para com os líderes do golpe. [O senador] Aécio [Neves] (PSDB-MG), Temer, [o ex-deputado federal Eduardo] Cunha (PMDB-RJ) e todos aqueles que usaram o impeachment para destruir direitos sociais, para estancar a sangria, e para ao mesmo tempo implantar em nosso Brasil todo o processo de desconstrução dos direitos que nós tínhamos deixado como legado”, declarou a ex-presidente.

Dilma: "História está sendo implacável com Temer e Aécio"

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“Hoje é um fato que houve um golpe no Brasil e que o arranjo que sustentou esse golpe caminha a passos largos para terminar. E nós devemos estar extremamente atentos nesse momento”, disse a ex-presidente, lembrando a seguir da “ditadura sanguinária” que enfrentou a partir de 1964.

Durante sua fala, a petista chamou Lula de “a maior liderança viva no nosso país” e elogiou Gleisi, que foi sua ministra da Casa Civil. “Gleisi Hoffmann mostrou que as mulheres do nosso partido não só têm espaço, mas a capacidade de liderar e contribuir para a construção de um Brasil melhor”. Para Dilma, a nova presidente do partido “está à altura dos desafios dessa conjuntura que nós enfrentamos”.

Ela afirmou ainda que o PT “cada vez mais se fortalece e se reconstrói”. “Mudar é necessário desde que não se mude de lado”, declarou, sendo aplaudida.

Dilma elogia Gleisi

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Nova presidente

Há 27 anos no PT, Gleisi, que foi eleita durante o Congresso Nacional do partido no dia 3 de junho, disse que os correligionários estão “de cabeça erguida e olhando para frente”. Exaltou ainda o “orgulho de ser petista”.

Citando Lula, que é julgado pelo juiz federal Sérgio Moro, ela afirmou que “não tem caçada que possa nos arrebatar”.

“Nós não vamos descansar um minuto para lhe defender. Não pensem que uma sentença de um juiz de primeiro grau vai deixar uma eleição sem Lula. Nós temos que dizer em alto e bom som: uma eleição presidencial sem Lula não é eleição, é fraude à democracia brasileira”, declarou.

A senadora aproveitou ainda para pedir que os militantes não tenham arrogância e falou da responsabilidade que os petistas têm com o país. “Nós não faremos nada sozinhos”, declarou.

Antecessor de Gleisi na presidência do PT, Rui Falcão disse ter certeza que o partido estará preparado “para impedir a interdição do presidente Lula”. “[Eleições] Diretas já, nem um direito a menos e Lula presidente”, declarou.

Lida pelo ex-ministro Gilberto Carvalho, uma mensagem de congratulação do também ex-ministro José Dirceu foi amplamente ovacionada pelos presentes. Dirceu, que foi libertado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) há pouco mais de dois meses depois de ficar preso por quase dois meses. O petista foi condenado em primeira instância no âmbito da operação Lava Jato.