Deputado chama relator de burro, gera bate-boca e fala em "temeromofóbicos"
Felipe Amorim
Do UOL, em Brasília
12/07/2017 13h34Atualizada em 12/07/2017 13h51
O discurso do deputado Wladimir Costa (SD-PA), que fez críticas a diversos colegas de oposição e chamou de “burro” o relator da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), levou a uma breve interrupção dos debates na sessão da comissão desta quarta-feira (12) e provocou bate-boca.
O presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), interrompeu o discurso de Costa, ameaçou cortar o microfone de Costa e então concedeu um minuto de resposta a quatro deputados que foram citados em suas críticas.
Num dos pontos mais inflamados do discurso, Wladimir Costa se dirigiu ao relator do parecer na CCJ a favor do prosseguimento da denúncia, Sergio Zveiter (PMDB-RJ).
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“O senhor é burro, incompetente, desqualificado”, disse o deputado do Solidariedade. O relator ouviu calado.
Costa fez um discurso centrado em apontar supostas investigações contra deputados da oposição e afirmou que eles teriam um tipo de “fobia” ao presidente Temer.
PT não tem moral para falar de ninguém aqui, porque todo mundo aqui já levou bronca. Lavem a boca para falar mal do presidente deste país
Wladimir Costa (SD-PA)
O deputado usou o termo “temeromofóbico” para se referir a uma suposta fixação dos oposicionistas com o presidente.
“Eles só falam de Temer, Temer, Temer, isso são os temeromofóbicos”, afirmou Costa.
A semelhança do neologismo cunhado por Costa com o termo homofóbico levou o deputado do PSOL Edmilson Rodrigues (PA) a corrigir o colega.
“Temer não é gay, então não há porque ter homofobia contra ele”, disse Rodrigues.
CCJ tem debate sobre denúncia
Nesta quarta-feira, os deputados discutem o parecer do relator Zveiter favorável a que a Câmara autorize o prosseguimento do processo contra o presidente.
Temer foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) pelo crime de corrupção passiva. O presidente nega a acusação.
Após o parecer ser votado na CCJ, o caso é analisado pelo plenário da Câmara, onde é preciso o voto de ao menos 342 deputados para autorizar o prosseguimento da denúncia.
Se aprovada na Câmara, a denúncia segue para o STF (Supremo Tribunal Federal), onde os 11 ministros da Corte decidem se abrem processo contra Temer. Essa decisão do STF tornaria Temer réu por corrupção e determinaria o afastamento dele do cargo por 180 dias.
A Procuradoria também estuda a apresentação de novas denúncias contra o presidente.
Na CCJ, ainda não está confirmado quando o parecer de Zveiter será votado.
A fase de debates prevê que todos os 66 titulares e 66 suplentes da comissão possam falar, além de outros 40 deputados que não integram a CCJ. Se todos decidirem se manifestar, seriam cerca de 40 horas de debate.
A base do governo quer acelerar a tramitação da denúncia da CCJ, para conseguir votar o parecer em plenário ainda esta semana.
O presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), tem afirmado que vai resistir a manobras de aliados do governo para encurtar o debate.