MP alega risco de fuga e obstrução da Justiça, e Moro decreta prisão preventiva de Bendine
Venceslau Borlina Filho
Do UOL, em São Paulo
31/07/2017 19h42
O juiz Sergio Moro decretou nesta segunda-feira (31) a prisão preventiva de Aldemir Bendini, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras.
O decreto foi tomado após pedido do MPF (Ministério Público Federal), que alegou "fortes evidências" da prática de corrupção, além de risco de fuga do país e obstrução da Justiça.
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Bendini estava preso temporariamente desde a última quarta-feira (27), quando foi detido pela PF (Polícia Federal) na 42ª fase da Lava Jato, onde ele figurava como alvo principal. Chamada de Operação Cobra, a nova fase apura práticas de corrupção e lavagem de dinheiro.
As investigações da PF apontam que Bendine e pessoas ligadas a ele teriam solicitado vantagem indevida, em razão dos cargos exercidos, para que a Odebrecht não viesse a ser prejudicada em futuras contratações da Petrobras.
Em troca, o grupo empresarial teria efetuado o pagamento de ao menos R$ 3 milhões, em espécie. Ainda de acordo com a PF, os pagamentos só foram interrompidos depois da prisão de Marcelo Odebrecht, em junho de 2015.
André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos da Silva Júnior, apontados como operadores do executivo, também tiveram as prisões preventivas decretadas.
Bendine esteve à frente do Banco do Brasil entre abril de 2009 e fevereiro de 2015, quando deixou o banco para assumir a presidência da Petrobras. O executivo renunciou ao cargo de presidente-executivo da Petrobras em carta enviada ao Conselho de Administração em maio de 2016.
Investigação
Segundo o MPF, há evidências indicando que um pedido de propina no valor de R$ 17 milhões foi feito por Aldemir Bendine na época em que era presidente do Banco do Brasil para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial. Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, executivos da Odebrecht que celebraram acordo de colaboração premiada com o Ministério Público, teriam negado o pedido de propina porque entenderam que Bendine não tinha capacidade de influenciar o financiamento.
Além disso, há provas apontando que, na véspera de assumir a presidência da Petrobras, Bendine voltou a solicitar propina a executivos da Odebrecht para que a empresa não fosse prejudicada em contratos com a petroleira. Delatores indicam que, desta vez, a Odebrecht aceitou pagar a propina de R$ 3 milhões. O valor foi repassado em três entregas em espécie, no valor de R$ 1 milhão cada uma, em São Paulo. Esses pagamentos foram realizados em 2015.
Segundo o MPF, um operador financeiro "de fachada" foi usado para dar legalidade à operação. As delações decorrentes da Operação Lava Jato foram o ponto de partida das investigações da força-tarefa contra Bendine.