Democracia é desafiada por crescimento de "posições totalitárias", diz Dodge
Felipe Amorim
Do UOL, em Brasília
25/09/2017 15h53Atualizada em 25/09/2017 17h37
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou nesta segunda-feira (25) que a democracia brasileira está sendo desafiada pelo fortalecimento de “posições totalitárias” e que é papel do Ministério Público aumentar a confiança das pessoas nas instituições.
"Estudos apontam que em todo mundo, e também no Brasil, a democracia está sendo desafiada pelo crescimento do número de apoiadores de posições totalitárias. Diminui a confiança nas instituições, apontam pesquisadores”, disse.
A procuradora fez a afirmação em discurso na cerimônia de posse de conselheiros do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), órgão com atribuições administrativas e de fiscalização sobre promotores e procuradores de todo o país.
Veja também
“O fortalecimento do Ministério Público, papel deste conselho, deve contribuir para aumentar a confiança na democracia e nas instituições de Justiça, como nos incumbiu a constituições repudiando quaisquer cogitações de retrocesso”, acrescentou Dodge.
Raquel Dodge tomou posse no cargo na última segunda-feira (18), substituindo o ex-procurador-geral Rodrigo Janot.
A declaração de Dodge foi feita pouco mais de uma semana após o general do Exército Antonio Hamilton Mourão afirmar, em uma palestra, que uma “intervenção militar” poderia ser adotada se o Judiciário "não solucionar o problema político", em referência aos casos de corrupção.
Após a declaração de Mourão ser revelada pela “Folha de S.Paulo”, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão divulgou uma nota pública afirmando que, de acordo com a Constituição Federal, as Forças Armadas agem subordinadas ao poder civil, dependendo sempre de decisão do presidente da República.
A Procuradoria dos Direitos do Cidadão afirmou ainda que a iniciativa para uma intervenção militar seria crime inafiançável e imprescritível. “Não há no ordenamento jurídico brasileiro hipótese de intervenção autônoma das Forças Armadas, em situação externa ou interna, independentemente de sua gravidade”, diz a nota, divulgada na última quarta-feira (20).