Bolsonaro diz que vetará 36 pontos do projeto de abuso de autoridade
Luciana Amaral
Do UOL, em Brasília
05/09/2019 11h04Atualizada em 05/09/2019 12h05
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que vetará 36 pontos do projeto de lei de abuso de autoridade. Ele tem até hoje à noite para sancionar o texto.
Como ele já havia dito ontem à noite, decidiu acolher todas as sugestões dos ministros Sergio Moro (Justiça), André Mendonça (Advocacia-Geral da União), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência) e Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União).
Segundo apurou o UOL, porém, o número de vetos ainda deverá crescer. Os detalhes estão sendo fechados e o texto após a análise do presidente será publicado em edição extra do Diário Oficial da União.
Bolsonaro repetiu que, com os vetos, o governo garante que o espírito do projeto foi mantido, sem prejuízo ao trabalho de juízes, promotores, policiais e demais autoridades.
"Nós queremos combater o abuso de autoridade, mas não podemos colocar um remédio excessivamente forte que venha matar o paciente. Queremos que as autoridades do Judiciário, do Ministério Público, que muitas vezes me perseguiram sim, e não foram poucas vezes, [...] possam trabalhar, que possam combater a corrupção", declarou em evento no Palácio do Planalto para lançar programa de implementação de escolas cívico-militares.
"Não estou afrontando o parlamento nem querendo fazer média com a população. Nem ceder ao clamor de muitos populares de veta tudo. Não sou radical", completou.
O que diz o projeto
Pelo projeto, aprovado na Câmara dos Deputados no dia 14 de agosto, poderá ser considerado abuso de autoridade obter provas por meios ilícitos; executar mandado de busca e apreensão em imóvel, mobilizando veículos, pessoal ou armamento de forma ostensiva para expor o investigado a vexame; impedir encontro reservado entre um preso e seu advogado; e decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado sem intimação prévia de comparecimento ao juízo.
No total, a proposta apresenta ações que poderão ser consideradas abuso de autoridade, quando praticadas com a finalidade específica de prejudicar alguém ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro.
Entre eles, está o dispositivo que tipifica como abuso de autoridade o uso de algemas em preso quando não houver resistência à prisão ou ameaça de fuga - Bolsonaro já afirmou que o trecho sobre a restrição ao uso de algemas será vetado.