Rival na última eleição, Romário debocha de Witzel: "Eu avisei"
Do UOL, em São Paulo
28/08/2020 17h40Atualizada em 28/08/2020 18h31
Rival na última eleição, quando se candidatou ao governo do estado do Rio de Janeiro, Romário debochou depois que o governador Wilson Witzel (PSC) foi afastado judicialmente do cargo, enquanto uma operação da Polícia Federal realizou seis prisões, como a de seu aliado o Pastor Everaldo, presidente nacional do PSC.
"Eu avisei", compartilhou ele, na legenda, seguido de um vídeo em que mostra o confronto dos dois em um debate na TV Globo.
Segundo a denúncia, entre agosto do ano passado e abril deste ano, Witzel recebeu R$ 274 mil em 21 oportunidades. Para isso, contou com o apoio da esposa, Helena Witzel, e do advogado Lucas Tristão, ex-secretário e braço direito de Witzel, preso hoje. De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), o dinheiro foi pago pelo empresário Mário Peixoto —também atualmente preso— com o auxílio de quatro pessoas. Em troca, o governador permitiu que o Instituto Unir Saúde recuperasse sua qualificação para atuar perante o governo.
Entre março e maio, em outras quatro ocasiões, houve mais R$ 280 mil em propina, segundo as investigações da PGR. Os valores foram pagos, segundo o MPF, pelo empresário e ex-prefeito de Volta Redonda (RJ) Gothardo Lopes Netto, outro denunciado e preso na operação de hoje.
A Procuradoria aponta que, em troca, Witzel beneficiou com uma resolução a GLN Serviços Hospitalares e Assessoria Ltda. —que pertence a Gothardo— e direcionou a escolha da organização social Associação de Proteção à Maternidade e Infância de Mutuípe para administrar o Hospital Zilda Arns.
Quem indicou a associação Mutuípe foi Gothardo, segundo informou o ex-secretário de Saúde Edmar Santos, que firmou colaboração premiada com os investigadores. "As obras eram coordenadas pelo próprio Gothardo Lopes Netos, que se encarregava de dar ordens e gerir de perto as obras necessárias", afirmou a PGR na denúncia.
"Consultando em fontes abertas, [Edmar Santos] recordou-se que a OS comandada por Gothardo chama-se Associação de Proteção à Maternidade e Infância de Mutuípe", disse o delator, em seu depoimento.
Defesa de Witzel
Em nota, a defesa de Wilson Witzel diz que a decisão "desrespeita a democracia". "Ministro Benedito (Gonçalves, do STJ) desrespeita democracia, afasta governador sem sequer ouvi-lo e veda acesso aos autos para defesa. Não se esperava tais atitudes de um Ministro do STJ em plena democracia."
Ainda de acordo com a defesa, "a decisão de afastamento do cargo, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade" foi recebida com surpresa. "Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis."