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Médico condenado a 100 anos pode ser 'testa de ferro' de França, diz jornal

O ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) nega as acusações e diz que a operação tem motivações políticas - Bruno Santos - 8.dez.2020/Folhapress
O ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) nega as acusações e diz que a operação tem motivações políticas Imagem: Bruno Santos - 8.dez.2020/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

06/01/2022 13h58Atualizada em 06/01/2022 15h26

O médico Cleudson Garcia Montali pode ser o "testa de ferro" do ex-governador e atual pré-candidato ao governo de São Paulo Márcio França (PSB), diz a investigação da Polícia Civil ao qual o blog do Fausto Macedo, do Estadão, teve acesso.

Foi a partir de Montali que a polícia começou a investigar Márcio França por suspeitas de corrupção em contratos da área da Saúde entre organizações sociais e prefeituras paulistas.

Como consequência da mesma Operação Raio-X que investiga França, em agosto de 2021 o médico foi condenado a 104 anos de prisão. Ele era considerado o líder da organização criminosa acusada de desviar dinheiro público.

O documento da Polícia Civil encaminhado à Justiça e obtido pelo Estadão diz que Márcio França e Cleudson Garcia Montali tinham um "forte vínculo", "notadamente no período em que ele foi governador, ocasião em que a Organização Social Irmandade da Santa Casa de Pacaembu celebrou vários contratos com o estado de São Paulo".

A Irmandade da Santa Casa de Pacaembu e a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Birigui seriam as duas principais organizações usadas no esquema de corrupção com contratos superfaturados e serviços não prestados.

Segundo os delegados Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior e Francisco Antonio Wenceslau, responsáveis pela investigação, Montali atuava nos bastidores, "gerindo e articulando setores importantíssimos dentro da organização criminosa para coordenar, cooptar e arregimentar essas ações delitivas, figurando no topo da cadeia de comando e liderança da organização criminosa".

Um ponto usado pela polícia para demonstrar a proximidade entre os dois é o fato de França ter nomeado o médico como diretor do Departamento Regional de Saúde de Araçatuba (SP) já nos últimos dias de seu mandato, em dezembro de 2018, mesmo após o Ministério Público ter se manifestado contra a contratação de Montali, que já era suspeito de improbidade administrativa.

Além disso, há registros de doações de Cleudson para a campanha de Márcio França ao governo de São Paulo e indícios de que a organização criminosa tenha financiado a campanha do pessebista à prefeitura da capital paulista, em 2020.

A Polícia Civil foi procurada pela reportagem, mas ainda não se manifestou sobre o documento obtido pelo Estadão.

O que diz Márcio França:

Sei que a vida pública exige resignação. Mas as injustiças tem limite. Transformar suposições ridículas e falsas em matérias é de doer na alma.

Não tenho, nem nunca tive nenhuma relação comercial com Cleudson, citado na matéria.

Um Delegado de Polícia, exercendo função de confiança do Governo, falar que alguém "pode ser" testa de ferro de outro, sem NENHUMA prova e sem nunca me ouvir, chega a ser leviano até para incautos.

Todos sabem que estamos em ano eleitoral e em algumas pesquisas, sou o 1º colocado na disputa.

Tenho 40 anos de vida pública, exercendo diversos cargos, sou pai e avô. Difícil assistir uma fala tão irresponsável de uma suposta autoridade pública, a não ser o nítido desejo de agradar seu superior.

Nunca houve nenhuma decisão minha, que não tenha sido avalizada anteriormente pela Procuradoria Geral do Estado de SP.

Todos devem ser investigados e DEPOIS de provada alguma culpa, devem ser punidos.

Nas últimas eleições já fui vítima de muitas mentiras. O povo de SP também foi. Mentir e caluniar são características de outras pessoas .

O tempo dirá mais uma vez