Deputados do PL usavam grupo armado para desviar emendas, diz jornal
Do UOL, em São Paulo
12/03/2022 08h56
Um relatório da PF (Polícia Federal) apontou indícios de que um grupo armado teria sido utilizado pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL-MA) para desviar emendas parlamentares destinadas a prefeituras do Maranhão, segundo reportagem publicada ontem pelo jornal O Globo.
Josimar agiria com os também deputados Bosco Costa (PL-SE) e Pastor Gil (PL-MA). Além do grupo armado, o esquema também utilizava saques em dinheiro vivo e extorsão, de acordo com o documento da PF, que foi apresentado ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Ontem, os três parlamentares —que negam as acusações— foram alvo de mandados de busca e apreensão. A investigação está sob sigilo, mas o jornal teve acesso aos documentos.
A reportagem diz que um agiota chamado Josival Cavalcanti da Silva, também conhecido como Pacovan, emprestava recursos aos parlamentares e recebia pagamentos por meio de saques em dinheiro vivo desviados de emendas parlamentares.
Relatório da PF, segundo a reportagem, diz que "o deputado federal Josimar Maranhãozinho é quem está à frente da estrutura criminosa, capitaneando não somente a destinação dos recursos públicos federais oriundos de emendas (próprias e de outros parlamentares comparsas) para os municípios, mas também orientando a cobrança (utilizando, inclusive, de estrutura operacional armada), ao exigir dos gestores municipais a devolução de parte dessas verbas".
Documentos obtidos pela PF apontaram que emendas parlamentares no valor de cerca de R$ 5 milhões teriam sido usadas nos desvios. A PF observou que Costa, deputado por Sergipe, destinou uma emenda de R$ 4 milhões à prefeitura de São José de Ribamar, no Maranhão. O objetivo era que R$ 1 milhão, o equivalente a 25%, retornasse em dinheiro vivo aos parlamentares.
Para a polícia, isso pode indicar que o Maranhão "pode ter se tornado um paraíso para o desvio de emendas parlamentares".
Em nota a o Globo, Josimar disse que colabora com as investigações, nas quais vê "espetacularização", imaginando se o objetivo não seria prejudicar sua imagem "na tentativa de me tirar da disputa eleitoral". O deputado Pastor Gil negou que tivesse cometido irregularidades e disse que "a improcedência dos fatos" sob investigação será comprovada. O jornal não trouxe a posição de Costa.