Operação da PF faz buscas em endereços ligados a deputados federais do PL
A PF (Polícia Federal) cumpre hoje mandados de busca e apreensão em endereços ligados a deputados federais do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, por suspeita de desvio de recursos de emendas parlamentares. O caso corre em segredo de Justiça.
Desdobramento da Operação "Ágio Final", deflagrada no fim de 2020, a ação mira os deputados Josimar de Maranhãozinho (PL-MA), flagrado com uma caixa de dinheiro, Bosco Costa (PL-SE) e Pastor Gil (PL-MA).
A operação investiga esquema de desvio de emendas parlamentares para municípios maranhenses. Como o caso envolve parlamentares com prerrogativa de foro, a operação de hoje foi autorizada pelo relator da ação no STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Ricardo Lewandowski.
"Os argumentos da PF tinham consistência e permitiam que se autorizasse diligências de busca e apreensão nas residências e nos locais de trabalho dos parlamentares", disse o ministro.
A Corte, contudo, negou o pedido para que a PF fosse aos gabinetes dos parlamentares na Câmara. A PGR (Procuradoria-Geral da República) recorreu, mas o plenário do STF manteve a decisão em sessão virtual.
"No entanto, eu indeferi as mesmas diligências nos gabinetes dos parlamentares no Congresso nacional porque entendi que os argumentos apresentados pela PF eram insuficientes", justificou.
A operação ocorre um dia antes de evento de filiação do PL, em Brasília. "Será um ato simbólico de boas vindas. Servirá para os candidatos recém-chegados se aproximarem de Bolsonaro", informou o partido.
O que dizem os deputados e o PL
Em nota, Maranhãozinho disse que vai colaborar com as investigações. Leia a íntegra:
"Na manhã de hoje ocorreu uma nova busca de documentos em minha residência. Seguimos contribuindo e colaborando com todas as averiguações sem medo e sem restrição. Vejo como uma demonstração de que nada foi encontrado das outras vezes e tampouco será. Por essa razão não consigo entender a espetacularização do ocorrido, que parece ter sido orquestrado para gerarem grande e rápida repercussão na imprensa regional e nacional. Por isso me pergunto se o objetivo é apenas prejudicar minha imagem na tentativa de me tirar da disputa eleitoral."
Em nota, o pastor Gil disse confiar na comprovação da improcedência da operação. Leia a íntegra:
"O meu papel como cidadão e homem público sempre foi exercido com probidade, elevado interesse público e pautado pelos princípios cristãos. Jamais participei de nada que ferisse a legislação, os interesses do meu querido povo ou os meus princípios. Infelizmente, agora, isso foi colocado em cheque! Mas confio no trabalho da Justiça e confio ainda mais em Deus. E, por isso, tenho certeza que a improcedência dos fatos últimos desta sexta-feira será absolutamente comprovada."
A assessoria do PL e o gabinete de Basco Costa preferiram não comentar.
"Não emitiremos notas oficiais. Não podemos nos manifestar oficialmente até termos acesso ao conteúdo das investigações. Todos fomos pegos de surpresa. O deputado deve conversar com o presidente do partido sobre o caso", afirmou a assessoria de Bosco Costa. "O PL soube pela imprensa e aguarda outras apurações. Por enquanto, não vamos comentar", disse o partido em nota.
Em caso de novas manifestações, esta reportagem será atualizada.
Maranhãozinho já foi alvo
Em 2020, Maranhãozinho foi alvo de ação em que a PF fez buscas em 27 endereços em São Luís e no interior do Maranhão na tentativa de aprofundar investigação sigilosa sobre indícios de esquema de desvio de verbas de emendas parlamentares destinadas à Saúde do Estado.
As investigações apontaram que Josimar destinou as emendas, na ordem de R$ 15 milhões, para municípios do interior do Maranhão, seu reduto eleitoral, e depois recebeu os valores em espécie. Na época, o parlamentar negou irregularidades.
Imagens reveladas pela revista Crusoé no ano passado mostraram o deputado manuseando uma grande quantidade de maços de dinheiro.
Em dezembro, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra o deputado em quatro municípios do Maranhão.
De acordo com a corporação, a relação de parentesco e ligações pessoais de Maranhãozinho com prefeitos e secretários municipais fazem parte do modus operandi para desvio de dinheiro.
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