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Como foi feito o levantamento dos imóveis da família Bolsonaro

Thiago Herdy e Juliana Dal Piva

Colunistas do UOL

30/08/2022 16h09Atualizada em 30/08/2022 18h44

A reportagem publicada nesta terça-feira sobre o patrimônio em imóveis da família do presidente Jair Bolsonaro (PL) baseia-se em 1.105 páginas de 270 documentos relacionados às transações imobiliárias realizadas por integrantes do clã desde os anos 1990. O trabalho de apuração foi feito em sete meses.

O realização do levantamento se dividiu em três etapas:

Na primeira, a reportagem levantou em cartórios de imóveis dos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Distrito Federal os registros existentes sobre os membros da família e solicitou cópia de matrículas completas. Matrículas são documentos que atestam a existência de um imóvel e apresentam todo o seu histórico.

Na segunda etapa, com as informações de matrícula em mãos, foram solicitadas em cartórios de notas certidões de cópia das escrituras que detalhavam cada uma das transações descritas nas matrículas de imóvel.

A terceira e última etapa foi a apuração em campo. Foi o momento em que a reportagem visitou as cidades com maior número de imóveis da família para compreender melhor as circunstâncias em que foram adquiridos, além do uso dado a eles pelos seus compradores. Conversou com alguns dos personagens envolvidos nas transações, inclusive os vendedores de imóveis à família Bolsonaro.

Além dos documentos de cartório, o levantamento também considera as informações sobre os imóveis que constam de investigações e processos judiciais que trataram de bens da família Bolsonaro, realizadas nos últimos anos.

Em um dos casos, por exemplo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) havia declarado pagamentos apenas em cheque e o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) descobriu o uso de pagamentos em espécie. Em 2012, um vendedor de dois apartamentos depositou R$ 638 mil em espécie junto com cheques de R$ 320 mil de Flávio e da mulher. Flávio só havia declarado os cheques em cartório.

A reportagem confirmou com oficiais de cartórios a padronização da "compra em moeda corrente" para se referir a vendas realizadas em espécie, mencionadas de forma distinta às vendas realizadas por meio de cheque ou transferência bancária que aparecem especificadas em várias outras compras.

Nas transações de maior valor, confirmou com os próprios vendedores o uso de dinheiro em espécie na compra de imóveis.

Os dados colhidos nas três etapas de reportagem foram compilados em uma planilha de Excel. Neste arquivo estão detalhadas informações como localização, data, condições de pagamentos e observações diversas a respeito das transações.