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Múcio diz que tem amigos em acampamento: 'É manifestação democrática'

Do UOL, em Brasília

02/01/2023 18h08Atualizada em 02/01/2023 21h05

O novo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse acreditar que os acampamentos de bolsonaristas em frente aos quartéis militares devem se "esvair". Ele classificou os atos como "manifestação da democracia" e contou que tem amigos e parentes que participaram do movimento.

Múcio falou com jornalistas após a cerimônia de posse realizada no Ministério da Defesa nesta segunda-feira (2).

Eu falo com autoridade porque tenho parentes lá. No de Recife, tenho alguns amigos aqui [Brasília]. É uma manifestação da democracia. A gente tem que entender que nem todos os adversários são inimigos, a gente tem até inimigos correligionários. Eu acho que daqui um pouquinho aquilo vai se esvair e chegar a um lugar que todos nós queremos."

No discurso de posse, o ministro:

  • pregou a necessidade de diálogo, afirmando que assume o posto com "espírito conciliador";
  • frisou que as Forças Armadas são uma instituição de Estado.

Depois, questionado sobre uma solução para os acampamentos bolsonaristas, adotou o mesmo tom conciliador. "Eu acho que aquilo vai se esvair. Na hora que o ex-presidente entregou seu cargo, saiu de seu cargo. O general Mourão fez um pronunciamento falando para que todos voltassem a seus lares", afirmou.

Ele afirmou ainda que passava de carro "como cidadão, dirigindo", no acampamento na capital federal, e que era possível notar que havia pessoas que "não tinham interesse político".

A gente precisa ter cuidado para, em nome dele [do empresário acusado de planejar explodir uma bomba em Brasília], condenar os que foram pacíficos. Esses casos são isolados. Aquele que estava planejando um atentado no aeroporto vai sofrer processo e responsabilizado pelo dano que fez."

Múcio ainda minimizou eventual "descontentamento" dentro de setores militares. Ele comentou a declaração do novo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno —que, mais cedo, disse que assumiria a função mesmo com a "incompreensão" de pessoas próximas.

"Isso não é uma chave, que você vira assim de uma vez. Evidentemente tem aqueles que se manifestaram", afirmou Múcio.

No discurso na posse da FAB, nem Múcio nem o novo comandante citaram o presidente. Mais tarde, na posse do ministério, Múcio falou de Lula ao agradecer a nomeação.

Também falou sobre a atitude do comandante da Marinha no governo Bolsonaro, Almir Garnier, que se negou a participar da cerimônia de posse de seu sucessor, Marcos Sampaio Olsen, agendada para a próxima quinta-feira (5) —mas não reclamou da situação e disse que "tem que agradecer a todos eles [comandantes das Forças]".

"O mandato dele [Garnier] terminava à meia-noite do dia 31. Ele ficou até meia-noite do dia 31. Havia a expectativa de que ele sairia no dia 22, dia 21 [de dezembro]", disse. "O do Exército, por uma questão pessoal, mas combinada conosco, preferiu sair 18 horas antes. Tivemos uma vantagem, nós assumimos o comando do Exército, e o presidente da República que saiu ontem anuiu quando deixou como interino os comandantes."