Lula cobra ajuda de países ricos: 'É a natureza que precisa de dinheiro'
Do UOL, em São Paulo e colaboração para o UOL, em Belém
09/08/2023 13h41Atualizada em 09/08/2023 18h45
O presidente Lula (PT) cobrou ajuda financeira de países desenvolvidos em ações e estratégias para preservar as florestas. Lula participou da Cúpula da Amazônia, em Belém, que acabou hoje.
O que aconteceu
O presidente disse que em todo país do mundo se fala da Amazônia, mas o encontro simbolizava a região falando com o mundo. "Nós vamos para COP28 para dizer ao mundo rico que se quiserem preservar efetivamente o que temos de floresta é preciso colocar dinheiro."
Lula defendeu que o investimento não deve ser apenas na "copa das árvores", mas também nas populações. "O exemplo que temos no Brasil é que parte das terras mais preservadas nesse país é das terras indígenas, já temos os fiscais naturais para cuidar da nossa floresta, é só respeitá-los."
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Não é o Brasil que precisa de dinheiro, não é a Colômbia que precisa de dinheiro, não é a Venezuela. É a natureza, que o desenvolvimento industrial ao longo de 200 anos poluiu, que está precisando, que eles paguem sua parte agora para a gente recompor parte daquilo que foi estragado, é a natureza que está precisando de dinheiro, de financiamento.
Lula em pronunciamento à imprensa
O encontro dos representantes dos países amazônicos debateu a preservação das florestas e o combate ao desmatamento. Ontem, eles assinaram um documento com 113 itens que vai balizar a primeira agenda conjunta em defesa da região.
Lula e os outros chefes de Estado assinaram hoje um comunicado chamado "Unidos pela Floresta". No documento, dizem estar preocupados com o não-cumprimento das metas de investimento por parte de países desenvolvidos e cobram apoio financeiro.
Conclamamos os países desenvolvidos a cumprirem suas obrigações de financiamento climático e a contribuir para a mobilização de US$ 200 bilhões por ano, até 2030, previstos pelo Marco Global para a Biodiversidade de Kunming-Montreal para a implementação dos planos de ação e estratégias nacionais de biodiversidade, por meio da provisão de recursos financeiros novos, adicionais, previsíveis e adequados.
Trecho do documento "Unidos pela Floresta"
Os representantes também citaram a "necessidade dos países desenvolvidos de liderar e acelerar a descarbonização de suas economias, atingindo a neutralidade de emissões de gases de efeito estufa". O texto diz que isso deve ocorrer antes de 2050.
Os países amazônicos ainda agradeceram a contribuição da população indígena e de comunidades locais e criticaram "medidas unilaterais, que constituam um meio de discriminação arbitrária ou injustificável ou uma restrição disfarçada ao comércio internacional".
Lula critica 'neocolonialismo verde'
Antes do pronunciamento à imprensa, Lula discursou na Cúpula para os representantes dos outros países. Em sua fala, criticou o que chamou de "neocolonialismo verde".
Não podemos aceitar um neocolonialismo verde que, sob o pretexto de proteger o meio ambiente, impõe barreiras comerciais e medidas discriminatórias e desconsidera nossos marcos normativos e políticas domésticas.
Lula em discurso fechado
O presidente também defendeu um financiamento de longo prazo e "sem condicionalidades". O discurso foi fechado para imprensa, mas o Palácio do Planalto divulgou o texto.
A necessidade de investimento por parte de países ricos também foi citada por Lula.
Os 10% mais ricos da população mundial concentram mais de 75% da riqueza e emitem quase a metade de todo o carbono lançado na atmosfera. Não haverá sustentabilidade sem justiça.
Lula em discurso fechado