General tentou vender muamba a três compradores em Miami, indicam mensagens
Sem nunca terem sido registradas como patrimônio público, as esculturas de uma palmeira e um barco dourados embarcaram como muamba no avião que levou Jair Bolsonaro à Flórida em 30 de dezembro do ano passado, antes da cerimônia de transmissão do cargo para o sucessor eleito.
No círculo mais próximo do então presidente, acreditava-se naquele momento que os artefatos, presenteados pelo Reino do Bahrein, no Golfo Pérsico, ao governo brasileiro em novembro de 2021, fossem de ouro maciço.
A mala contendo os dois estojos com os artefatos foi levada de Orlando, onde o avião com Bolsonaro pousou em dezembro, para Miami, a 390 km dali, por Cristiano Piquet, corretor de imóveis nos EUA, sem parentesco com o tricampeão mundial de Fórmula 1 Nelson Piquet.
Mensagens entre pai e filho
Foi o general Mauro Lourena Cid que ficou encarregado de levar a muamba até um avaliador e comprador em Miami. Aí começa o périplo do general e seu filho, o então ajudante de ordens de Bolsonaro, para fazerem dinheiro com o presente diplomático.
Primeiro, seguindo ordens do filho, conforme registram as mensagens trocadas pelos dois, o general levou as esculturas a duas casas compradoras de ouro em Miami. Depois, para o representante de uma firma especializada em leiloar joias de alto padrão em Nova York.
No dia 18 de janeiro, após as tentativas frustradas, o ajudante de ordens desabafa, por mensagem, com Marcelo Câmara, outro assessor de Bolsonaro: "Aquelas duas peças que eu trouxe do Brasil, aquele navio e aquela árvore, elas não são de ouro. Elas têm partes de ouro, mas não são todas de ouro (...) Então eu não estou conseguindo vender".
Mais de um mês depois, em 1º de março, em outra conversa com Marcelo Câmara, Cid explicou por que Jair Bolsonaro não quis ficar com as duas esculturas: "Ele não pegou porque não valia nada".
O pequeno barco de pesca à vela e a palmeira são símbolos nacionais do Bahrein. O comércio bilateral é da ordem de US$ 2 bilhões por ano. O Brasil exporta ao país do Oriente Médio minério de ferro e bens agropecuários. O Bahrein vende ao Brasil derivados de petróleo, produtos químicos e alumínio.
Na mesma conversa, Cid diz que pedirá a seu pai para repatriar as esculturas de volta ao Brasil junto com a mudança.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.