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Lira, reforma ministerial e abandono de ruralistas minguam CPI do MST

À dir., o presidente da CPI do MST, Zucco (Republicanos-RS), conversa com o relator, Ricardo Salles (PL-SP) Imagem: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Do UOL, em Brasília

24/08/2023 04h00Atualizada em 24/08/2023 13h07

Sem maioria na CPI do MST, a oposição tenta uma reviravolta para aprovar o relatório de Ricardo Salles (PL-SP), mas complicam a situação as negociações da reforma ministerial, a atuação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o "abandono" da cúpula da Frente Parlamentar do Agronegócio.

O que aconteceu

A oposição ao governo Lula (PT) tem os postos mais altos na CPI que investiga o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), ocupando presidência e relatoria. Mas isso de nada adianta se não conseguem fazer passar requerimentos nem aprovar o relatório final.

Os partidos do centrão substituíram integrantes mais alinhados ao bolsonarismo por nomes "pragmáticos" na reta final das apurações.

A CPI do MST começou em 18 de maio. A duração inicial, de 120 dias, termina em 14 de setembro. Caso seja prorrogada, a comissão pode atuar por mais 60 dias.

Na terça (22), a cúpula da CPI fez um novo apelo a Lira para tentar dar mais fôlego à investigação. Os parlamentares pediram que o presidente da Câmara convencesse os líderes dessas siglas a indicar opositores e assim conseguir mais aliados no colegiado.

Segundo relatos ouvidos pelo UOL, Lira não se comprometeu a reverter o número de cadeiras governistas, mas ouviu os desabafos do presidente da CPI, o deputado Zucco (Republicanos-RS).

Em sua intervenção, o presidente da Câmara pediu à cúpula da comissão que não mirasse no ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT-BA), e que os integrantes passassem a "ouvir mais seus líderes" antes de elevarem o tom na comissão.

O pedido se dá em meio às negociações do centrão pela reforma ministerial. Republicanos e PP querem integrar a Esplanada, mas aguardam a decisão do presidente sobre os cargos. Lula está em viagem à África do Sul até a semana que vem.

Além disso, os ruralistas da comissão criticam a atitude da cúpula da FPA, a quem acusam de ter abandonado a CPI. Na avaliação dos deputados, o presidente da frente, Pedro Lupion (PP-PR), poderia ter usado de sua influência para barganhar a troca de integrantes.

A FPA emitiu uma nota em apoio a Zucco e a Salles e em repúdio à troca apenas uma semana depois que os ruralistas perderam a maioria. "A FPA trabalha diuturnamente por meio de articulações e projetos de lei para inibir e acabar de vez com a insegurança jurídica no campo, com os crimes de invasões cometidos contra a população rural e pela garantia de uma reforma agrária justa", afirmou o grupo na nota.

Manobra para retomar a maioria

A oposição conta com 12 deputados na comissão, que tem um total de 27 integrantes. Para retomar a maioria, eles tentam negociar uma manobra.

O União Brasil tem dois integrantes titulares que votam com o governo.

Haveria um compromisso da liderança do partido para não deixar que estes parlamentares participassem das sessões com votação. No lugar deles, entrariam dois deputados suplentes alinhados à oposição: Coronel Assis (União-MT) e Coronel Ulysses (União-AC).

Com isso, a oposição teria apoio de 14 deputados, ou seja, com capacidade para aprovar requerimentos —apesar da margem mínima.

De acordo com deputados que conversaram com o UOL, haveria outra possibilidade de aumentar a coluna oposicionista na CPI. A oposição tenta convencer o MDB a mudar seus indicados. No momento, são dois deputados alinhados ao governo.

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