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Senado adota 'modelo centrão' da Câmara para pressionar governo Lula

Rodrigo Pacheco (PSD-MG) preside a barulhenta sessão que aprovou a reforma tributária Imagem: Jefferson Rudy - 8.nov.23/Agência Senado
Gabriela Vinhal e Carolina Nogueira

Do UOL e colaboração para o UOL, em Brasília

13/11/2023 04h00

Senadores aliados adotam o "modelo centrão" da Câmara para pressionar o governo Lula a negociar emendas e mais espaço na Esplanada. Na mira, estão as votações do Orçamento de 2024, da taxação das offshores e da regulamentação de apostas esportivas.

O que aconteceu?

Senadores do centrão reclamam da falta de pagamento de emendas parlamentares. O grupo diz ainda que o Planalto tem dado pouca atenção se comparada com a relação com os deputados federais.

A recente reforma ministerial, que ampliou o espaço do Republicanos e do PP na Esplanada, também contribui para o mal-estar. Alguns senadores de partidos da base reivindicam indicações a cargos do alto escalão.

Houve ainda o encontro do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), com líderes da Câmara nesta semana. Ele se reuniu com deputados no mesmo dia em que o Senado votaria a proposta de reforma tributária.

A ausência de Haddad foi criticada por senadores durante a discussão do texto. O projeto foi aprovado por 53 votos —apenas quatro a mais do que o mínimo necessário. O governo precisou ainda negociar com a oposição para evitar que novas derrotas ocorressem durante a sessão.

Como funcionou o exemplo da Câmara

O primeiro semestre da gestão Lula foi marcado por queixas do centrão da Câmara à articulação política. Foram recorrentes os episódios de reclamação pública sobre o pagamento de emendas e indicações a órgãos públicos que não eram efetivadas.

Como estratégia de barganha, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), segurou ao máximo votações importantes para o governo para conseguir negociar interesses do grupo. O Executivo era avisado sobre uma possível derrota, então abria caminho para uma negociação.

O UOL conversou reservadamente com senadores do centrão que afirmaram que o "modelo centrão" de cobrança da Câmara surtiu efeito. Estão na lista as três indicações das bancadas a ministérios e a recente troca na presidência da Caixa Econômica Federal.

Inclusive, a votação do projeto das offshores só foi destravada após o governo colocar Carlos Antônio Vieira na presidência da Caixa. O nome veio de Lira.

Já a votação das apostas esportivas aconteceu na Câmara logo depois de o Planalto entregar o Ministério do Esporte para André Fufuca (PP-MA) e o de Portos e Aeroportos para Silvio Costa Filho (Republicanos-PE).

A ideia é que os senadores sigam o mesmo roteiro e pressionem o governo para dar andamento às "promessas" na reta final do calendário legislativo.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), avisou a aliados que quer avançar ainda neste ano com as propostas de taxação das offshores e de regulamentação das chamadas bets, as apostas esportivas.

O governo Lula então terá que negociar para conseguir votos. Há um fator, no entanto, que ajuda o Planalto: todas as propostas precisam apenas de maioria simples entre os 81 senadores —bem mais fácil do que foi a reforma tributária, que, por ser uma PEC (proposta de emenda à Constituição), demandava ao menos 49 votos em turnos para ser aprovada.

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