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Bolsonaristas esperam contato de Dino, que inicia beija-mão por governistas

Do UOL, em Brasília

29/11/2023 04h00

O ministro da Justiça, Flávio Dino, abriu o tradicional beija-mão no Senado com almoços, jantares e telefonemas. O objetivo é conquistar os votos para que seja aprovada a sua indicação ao Supremo Tribunal Federal, feita pelo presidente Lula.

O que aconteceu

A estratégia é começar as conversas com parlamentares aliados. Depois vem a oposição, mais resistente ao seu nome na Corte.

Bolsonaristas dizem que não foram procurados, mas não descartam a conversa. Senadores da oposição ouvidos pela reportagem afirmam que até se encontrarão com Dino, caso sejam contatados por ele. Mas ainda não foram — nem por ele, nem pelo relator da indicação, o senador Weverton Rocha (PDT-MA).

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O governo tem trabalhado na estratégia de exigir "reciprocidade" de bolsonaristas. É lembrado que o PT "não fez barulho" quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça ao Supremo.

Afirmam que a orientação foi votar a favor de Bolsonaro, porque as indicações são prerrogativas do presidente. Nunes Marques passou com 57 votos a favor e 10 contrários. André Mendonça teve um placar mais apertado: 47 a 32 — apenas seis a mais do mínimo necessário, 41 votos.

Parlamentares ouvidos pelo UOL avaliam que a aprovação de Dino não terá dificuldades. Principalmente porque a indicação é abraçada também pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Estratégia dos opositores

A oposição vai usar as ausências de Dino, quando foi convocado na Câmara, para sinalizar que ele "não respeita o parlamentar". O objetivo é busca ampliar os votos contrários ao ministro do governo Lula.

Bolsonaristas buscam os senadores independentes nas bancadas do centrão — esses parlamentares também serão cortejados pelos aliados do Palácio do Planalto. A oposição diz acreditar em ao menos 30 votos para começar a desmobilização em torno do nome de Dino.

Encontro de Dino com o relator

Relatório favorável no Senado. Dino almoçou ontem com o relator de sua indicação, senador Weverton (PDT-MA), e obteve do colega a sinalização de que terá um parecer positivo para a sua ida ao STF. O parlamentar disse ainda que fará campanha para garantir os votos necessários — são, no mínimo, 41 no plenário do Senado.

Você acha que não teríamos 41 colegas senadores e senadoras para aprovar um colega seu e mandar para o Supremo? Eu acredito que nós temos. E vamos ter mais de 50.
Weverton, relator no Senado, em coletiva de imprensa

Dino também procurou senadores da base ao longo da tarde. À noite, participou de um jantar com lideranças do governo, promovido pelo senador Randolfe Rodrigues (Sem Partido-AP).

Pacheco disse, antes da indicação oficial, que seria um "prestígio" ter um parlamentar na Corte Dino é senador licenciado do cargo por comandar a Justiça. O relator da indicação também admite que o apelo do presidente do Senado viabiliza a aprovação.

Gonet deve ter caminho mais tranquilo

A indicação de Paulo Gonet à PGR é vista como mais agradável pela oposição. Bolsonaristas consideram o subprocurador um nome conservador para o comando da Procuradoria-Geral da República.

Gonet vai ao Senado hoje para uma reunião com Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo e relator da indicação à PGR.

O petista tem dito a interlocutores que aproveitará o encontro para "aparar arestas". Gonet é próximo de Gilmar Mendes, uma das vozes que se levantou contra Jaques pelo voto a favor da PEC que limita as decisões monocráticas da Corte.

Jaques também relatou a aliados que não vê dificuldades para Gonet, nem mesmo entre a esquerda, que criticou posições do subprocurador em temas como aborto. Como mostrou o UOL, Gonet afirmou em 2011 que o aborto, entendido como a "interrupção voluntária do processo biológico iniciado com a concepção", afronta a Constituição.

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