Haddad diz que candidatura de Lula à reeleição em 2026 é "consenso" no PT
Do UOL, em Brasília
02/01/2024 09h18Atualizada em 03/01/2024 11h46
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) admitiu hoje que há consenso dentro do PT para a reeleição do presidente Lula (PT) em 2026.
O que Haddad disse
Durante a campanha, Lula repetiu por diversas vezes que não concorreria à reeleição. Os principais argumentos eram a idade — ele terá 81 anos ao fim do pleito — e a vontade de se aposentar com a primeira-dama Janja da Silva, mas, desde que assumiu, o presidente tem revisto a posição.
"O Lula foi três vezes presidente. Provavelmente, será uma quarta", disse o ministro, em entrevista ao jornal O Globo publicada hoje. "Porque a natureza da liderança do Lula é diferente da de outros fenômenos eleitorais. O bolsonarismo tem uma dinâmica muito diferente."
Ele disse não participar de reuniões internas do partido, mas assumiu não haver, ainda, um substituto e que não pensa em ser ele. "Excluído 2026, o fato é que a questão [de um sucessor] vai se colocar. E penso que deveria haver uma certa preocupação com isso."
Acredito que existe consenso dentro do PT e da base aliada sobre a candidatura do presidente Lula em 2026. Na minha opinião, é uma coisa que está bem pacificada. Não se discute.
Fernando Haddad, sobre 2026
Sem sucessor
Internamente, a falta de um sucessor forte é o que mais tem impulsionado Lula a quebrar sua promessa de campanha. Além disso, como indica a entrevista de Haddad, a visão dentro do PT e do Planalto é: se a reeleição de Lula é tido como algo praticamente garantido, por que arriscar?
Assim que assumiu, ele alçou diversos nomes no governo a sucedê-lo, mas nenhum despontou até então. Entre eles estavam Haddad, candidato em 2018, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), que vai ao STF.
Cutucada nos colegas
Na entrevista, Haddad deu ainda uma cutucada no PT e, sem citar nomes, na sua presidente Gleisi Hoffmann (PT-PR) e no ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. A deputada paranaense tem sido uma das grandes críticas ao modelo econômico, considerado ortodoxo e pouco à esquerda, e ele e o ministro têm tido uma série de desentendimentos em relação ao corte de gastos para este ano.
Haddad argumentou que seu modelo não pode ser criticado quando traz bons resultados e criticado em outros momentos. "Ou está tudo errado ou está tudo certo", reclamou.
Ele assumiu que há debates "às vezes menos e às vezes mais acalorados" com Rui, mas que, no fim, quem resolve é o chefe. "Tem uma pessoa que já comandou o país por oito anos e está completamente apto a arbitrar as divergências. Não considero ruim que haja divergências. É natural", disse.
Não dá para celebrar Bolsa, juros, câmbio, emprego, risco-país, PIB que passou o Canadá, essas coisas todas, e simultaneamente ter a resolução que fala 'está tudo errado, tem que mudar tudo'.
Fernando Haddad, em cutucada a colegas de partido