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Padre alvo de operação da PF já sugeriu 'calmante em forma de supositório'

Padre José Eduardo de Oliveira e Silva Imagem: Reprodução / Instagram

Colaboração para o UOL*

10/02/2024 04h00

Um dos alvos da operação que mira grupo que tentou dar golpe após as eleições, deflagrada ontem pela Polícia Federal, é José Eduardo de Oliveira e Silva, padre católico que atua na diocese de Osasco, na Grande São Paulo.

Quem é o padre?

José Eduardo de Oliveira e Silva nasceu 5 de fevereiro de 1981, em Piracicaba, interior de São Paulo. Ainda criança, mudou-se para a cidade de Carapicuíba, município vizinho a Osasco, onde habita e trabalha atualmente.

Foi ordenado sacerdote da Diocese de Osasco em 2006, pela Igreja Católica. Atualmente, é pároco da Paróquia São Domingos.

Em seu currículo, consta que ele fez doutorado em teologia moral na Universidade da Santa Cruz, em Roma. O curso foi concluído em 2012. Na mesma instituição, o pároco também fez mestrado, com o tema "O papel global da virtude da religião: uma proposta a partir da doutrina de São Tomás".

Em 2017, Oliveira e Silva conseguiu projeção nas redes sociais ao criticar a "ideologia de gênero", uma das bandeiras de Bolsonaro. Ele chegou a sugerir que a indústria farmacêutica deveria criar "um calmante em forma de supositório". Também escreveu que tinha saudades "dos tempos em que o banheiro servia só para necessidades fisiológicas e não para exibicionismos de autoafirmação sexual".

O religioso soma mais de 300 mil seguidores nas redes sociais. No dia do resultado do primeiro turno das eleições presidenciais, 2 de outubro, Oliveira e Silva postou uma foto de um altar com a bandeira do Brasil em cima de uma santa. Na legenda, escreveu: "Uns confiam em carros, outros em cavalos. Nós, porém, confiamos no Senhor e, assim, resistiremos."

"Sou um padre que fala o que pensa, dentro da minha formação católica, com a intenção de dizer algo que julgo ser a verdade para a comunidade. Se isso é polêmico, o que posso fazer?
Padre José Eduardo, ao Agora, em 2017

O que aconteceu

O padre José Eduardo de Oliveira e Silva foi um dos alvos da Polícia Federal na operação deflagrada ontem. O sacerdote está na mira da investigação que apura uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito após a eleição de 2022.

Participação em reunião no Palácio do Planalto. A PF identificou que o padre participou de uma reunião no dia 19 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto, ocasião em que teria sido discutida uma minuta golpista para impedir a posse do presidente eleito Lula (PT).

De acordo com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, o padre é citado como integrante do núcleo jurídico do esquema golpista. O papel do grupo seria o "assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado".

Outros integrantes do grupo. O grupo jurídico era integrado pelo padre de Osasco, pelo ex-ministro da Justiça na gestão Jair Bolsonaro, Anderson Torres, pelo coronel Mauro César Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, por Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro e Amauri Feres Saad, advogado.

Os agentes da PF chegaram logo cedo à residência do padre para uma ação de busca e apreensão de equipamentos e documentos do clérigo. Ele também terá de cumprir medidas cautelares, como a proibição de manter contato com os demais investigados na operação. Além disso, Oliveira e Silva não pode se ausentar do país e tem até hoje para entregar todos os seus passaportes, nacionais e internacionais.

Em nota publicada no Instagram, o padre afirmou não ter cooperado nem endossado o que chamou de "qualquer ato disruptivo da Constituição". "Espero que tudo seja esclarecido o mais rápido possível. Estou em oração, especialmente pela Justiça brasileira", escreveu.

*Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo

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