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FAB e Exército insistiram com Bolsonaro que não houve fraude nas urnas

O ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes (à esq.) e o ex-comandante da Aeronáutica Carlos Baptista Júnior Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

16/03/2024 04h00

Em depoimento à PF sobre a suposta tentativa de golpe do ex-presidente Jair Bolsonaro, os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica afirmaram que não identificaram fraude na eleição de 2022, e que comunicaram isso a Bolsonaro na época.

O que aconteceu

Sem fraude. O ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes foi questionado pela PF se a Comissão de Fiscalização do Exército identificou fraudes ou vulnerabilidades no Sistema Eletrônico de Votação que comprometessem a lisura das eleições de 2022. O militar disse que não e reforçou que o relatório apresentado não identificou qualquer fraude.

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Bolsonaro sabia. Freire Gomes também declarou que Bolsonaro tinha ciência de que Comissão de Fiscalização Eleitoral não tinha identificado nenhuma fraude nas eleições.

O relatório da Defesa enviado ao TSE. No dia 9 de novembro de 2022, o Ministério da Defesa enviou um relatório de fiscalização das urnas eletrônicas ao TSE. No documento produzido por equipes das Forças Armadas, os militares afirmam que os dados de totalização dos votos das eleições estavam corretos. Em nenhum momento, o documento entregue à Justiça Eleitoral citou indício de fraude no processo eleitoral. No dia seguinte, porém, o Ministério publicou no site oficial uma nota com o seguinte título: "relatório das Forças Armadas não excluiu a possibilidade de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas".

Relatório do PL era mal redigido e tinha erros técnicos, diz militar. Em seu depoimento, o ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior foi questionado sobre o estudo produzido pelo IVL (Instituto Voto Legal) e usado pelo partido de Bolsonaro para questionar o resultado da eleições. "Ao ler o relatório, o depoente ressaltou ao presidente que o documento estava mal redigido e com vários erros técnicos e se tratava de um sofisma", declarou o militar. Baptista Júnior disse ainda que recebeu o estudo das mãos do então presidente. O militar reafirmou também que Bolsonaro sabia que não havia comprovação de fraude nas eleições e que ele próprio o havia comunicado disso.

O ex-comandante disse que pediu para que o estudo do PL fosse analisado. Baptista Júnior passou a missão ao coronel Wagner Oliveira da Silva, integrante da Comissão de Fiscalização. Segundo ele, o coronel identificou uma falha, reproduziu a falha e constatou que não haveria influência no resultado das eleições. "Apenas uma pequena falha de programação, que haveria diversas outras formas de relacionar as tabelas do banco de dados, garantindo a lisura do resultado eleitoral", disse em seu depoimento. Baptista Júnior, mais um vez, teria então reafirmado a Bolsonaro que o erro não caracterizava uma fraude.

Várias teses de fraudes. Segundo o ex-comandante da Aeronáutica, a Comissão das Forças Armadas teria recebido diversas teses de fraudes no sistema eletrônico de votação, inclusive oriundas da Presidência da República. Todas foram rechaçadas.

O relatório do PL

O partido contestou o resultado do segundo turno da eleição presidencial de 2022 e pediu a anulação de votos de 60% das urnas utilizadas no pleito. Segundo a legenda, nas urnas do modelo 2020 (que representam 40% do total), Bolsonaro teria atingido 51,05% dos votos contra 48,95% de Lula, e que esse modelo de urna seria o único auditável, o que não é verdade. O partido apontava que urnas de modelos anteriores têm o mesmo número de identificação no Log de Urna, que deveria ser individualizado. Essa informação já foi desmentida.

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