Musk caiu como uma luva para direita melar PL das Fake News, diz professor
Colaboração para o UOL
11/04/2024 19h23Atualizada em 11/04/2024 19h59
O professor de relações internacionais da ESPM Leonardo Trevisan afirmou no UOL News desta quinta (11) que o dono do X, Elon Musk, caiu como uma luva para a direita brasileira pôr fim à tramitação do Projeto de Lei das Fake News no Congresso Nacional. No início da semana, o presidente da Câmara, Artur Lira (PP-AL), informou que vai criar uma comissão para refazer o projeto.
Quando a gente olha pra esse quadro, temos que nos convencer de um fato real: a direita mudou seu tom de atuação. Estão mais ou menos conscientes de que precisam gerar fatos e esses fatos não conseguem mais ser gerados aqui dentro do Brasil. Não basta mais a construção de fatos internos. O problema está na dose de convencimento. Precisa trazer algum tipo de narrativa que tem uma força externa ao país, não cabem mais as forças internas. Já vimos esse procedimento em outras realidades. Nesta realidade aqui, temos de entender qual era a necessidade da chegada do fator Elon Musk. Ela tinha um único problema: era preciso brecar o projeto de lei do Orlando Silva (deputado federal pelo PCdoB-SP e relator da proposta) sobre as fake news. O fator tinha um disparador interno desse motivo e se buscou alguém interessado em estar muito bem posicionado na relação com o Brasil. Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais
O professor destacou que Musk não tem conhecimento da realidade brasileira e nem preocupação com o mercado brasileiro especificamente.
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[O mercado brasileiro] É muito menos importante para os negócios do ex-Twitter do que o mercado indiano ou europeu, que estão com processos muito mais formais para limitar fake news. O Brasil virou um teste. Soma um interesse de aproximar realidades que não são as mesmas. Este fato precisa ser ponderado. Elon Musk tinha interesses mútuos para entrar no Brasil. E eles não eram necessariamente fazer um fato no contexto do Brasil, era fazer um fato pra ele que interessava pra Índia e pra União Europeia. Para esse grupo da direita brasileira, Elon Musk caiu como uma luva para melar o jogo democrático em torno do PL das Fake News. Ela literalmente acabou. Volta ao início do processo, forma-se uma comissão e os quatro anos de trabalho do Orlando Silva são perdidos. Todo avanço está perdido. Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais
Leonardo Trevisan ressaltou que esse cenário joga luz sobre qual será o papel do Brasil nesse jogo internacional das fake news.
Não podemos retroceder a uma situação de demérito para o país. O Congresso norte-americano e o parlamento europeu, pra citar dois exemplos, estão com medidas bastante céleres. O parlamento europeu tem um teste marcado para o fim de abril, de olho nas eleições parlamentares de junho. É este o quadro e quando olhamos pra ele não podemos nem deixar de lado o vetor internacional nem a troca de interesses entre os grupos de direita brasileiros e os interesses políticos de Elon Musk, muito mais do que [seus interesses] econômicos no Brasil. Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais
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