OPINIÃO
Reinaldo: Reação de Prates demonstra que não havia condição de continuar
Colaboração para o UOL
15/05/2024 15h44Atualizada em 15/05/2024 16h01
O colunista Reinaldo Azevedo disse no Olha Aqui! desta quarta (15) que a reação de Jean Paul Prates à sua demissão do cargo de presidente da Petrobras é a prova de que continuar no comando da estatal era insustentável. Para ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não errou e usou de seu papel de acionista majoritário para mudar a direção da empresa.
Eu não acho que o Jean Paul Prates tenha sido um mau presidente da Petrobras —falo pelos resultados e por aquilo que se encaminhou. Mas, se havia demissão certa, era essa. Porque a própria reação dele quando diz ter sido demitido para regozijo do Rui Costa [ministro da Casa Civil] e do Alexandre Silveira [Minas e Energia] demonstra que não havia condições de continuar. Você tinha um presidente da Petrobras que se entendia muito mal com o chefe da Casa Civil e com o seu chefe —porque a Petrobras é subordinada ao Ministério das Minas e Energia. E, portanto, um desentendimento aí, ou cai um ou cai outro. Em relação a isso, reconheço o direito que os acionistas majoritários têm de fazer a direção das empresas. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
É uma vontade do acionista majoritário que está sendo feita aí, como acontece numa empresa privada. A Magda Chambriard [nova presidente da Petrobras] é ligada à área, tem todas as condições, já comandou a ANP [Agência Nacional de Petróleo]. O desentendimento do Jean Paul Prates com o governo estava meio claro, houve desinteligências no curso das coisas. Ele foi um bom presidente, mas houve um tato de inabilidades de comprar muitas brigas ao mesmo tempo. Numa demissão está o chefe da Casa Civil, o ministro das Minas e Energia e o presidente [Lula] diz: 'Preciso do seu cargo'. É assim que as demissões são feitas. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
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Reinaldo lembrou que o acionista majoritário tem o direito de fazer escolhas, sabendo que elas têm consequências.
Se forem ruins as consequências políticas, Lula arcará com elas. Eu me pergunto se toda essa gritaria é porque se antevê o caos na Petrobras e, por imposição lógica, essa gente deveria estar contente, porque querem ver o Lula estripado em praça pública. Ou porque antevê que a Petrobras será usada na eleição e, pra isso, algo positivo deveria acontecer. Acionista majoritário tem o direito de escolher a direção das empresas, é uma regra. Se a Petrobras começa a fazer besteira e começar a fazer escolhas erradas em razão da nova direção, isso vai espelhar o mercado e Lula vai pagar o preço. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
A gestão do Prates estava sendo criticada em muitos aspectos por esse mesmo mercado. O mercado vai ter ideias as mais diversas a respeito, segundo seus interesses. Só precisa tomar cuidado pra não pedir opinião de lobista como se fosse analista. O lobista quer é fazer triunfar o ponto de vista seu e dos seus clientes, nem sempre coincidente com os interesses do país. Claro que não acho boa essa crise, o desejável seria que o Prates continuasse, mas parece que não era possível, porque a reação dele à demissão deixou claro que a convivência era difícil mesmo. A coisa não estava arrumada com o ministro da Casa Civil, com o ministro das Minas e Energia e tinha havido um curto-circuito com o presidente da República. Sendo um cargo de confiança, a lógica indicava - e todo mundo sabia - que ia cair, era uma questão de tempo. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
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