Lula é alvo de protestos de grevistas em SP e diz: 'Que bom que podem vir'
Do UOL, em São Paulo e em Brasília
25/05/2024 11h47Atualizada em 25/05/2024 18h58
Estudantes, funcionários e professores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) de Guarulhos protestaram durante um evento com o presidente Lula, na manhã deste sábado (25) na Grande São Paulo.
O que aconteceu
Lula fez um afago aos grevistas, destacando o direito à greve. No palco, o petista disse: "Queria lembrar, estou vendo alguns companheiros, levantando um cartaz ali para mim: 'Estamos de greve'. Quem bom que vocês podem vir num comício do Lula e levantar um cartaz dizendo que estão em greve, que bom", afirmou.
"Há pouco tempo, os estudantes não podiam se manifestar", disse Lula, em referência ao governo Bolsonaro. "Os professores não podiam reivindicar. Os reitores não podiam reclamar, e o governo não estava disposta a negociar", declarou o petista. Durante sua gestão, Jair Bolsonaro rompeu uma tradição dos anos 1990. Ele nomeou 19 reitores de universidades federais que não haviam sido os mais votados, privilegiando o alinhamento político. As escolhas levaram docentes a apontarem um ataque à autonomia universitária.
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Gritos de "ih, fora" para os grevistas. Alguns presentes ao comício reprovaram a presença dos manifestantes da Unifesp com gritos para que deixassem ao local.
Lula recebeu carta de funcionários da Unifesp. Já os estudantes disseram que não conseguiram falar com o presidente.
Protesto contra governo Lula pelo segundo dia seguido. Em Araraquara, na sexta (25), Lula também enfrentou reclamações. Professores protestaram contra a interrupção pelo governo federal da negociação por reajuste salarial.
Evento ocorreu para inaugurar duas obras na Via Dutra. Governo federal anunciou a liberação do novo trevo Jacu-Pêssego, no km 213, e da pista marginal no sentido São Paulo, entre o km 209,5 e o km 211,8 do trevo de Bonsucesso, em Guarulhos. As duas obras ficam a menos de cinco quilômetros do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Segundo o governo, as construções esse pacote está estimado em R$ 1,4 bilhão.
Pedidos por mais verbas
Estudantes entraram no evento com faixas de protesto e pediram mais dinheiro para a educação. O objetivo era entregar cartas com reivindicações ao presidente. A principal solicitação é a recomposição orçamentária das universidades federais.
"Nosso orçamento é o mesmo desde 2012", diz grevista. "Precisamos de recomposição e novos concursos", afirmou Ivan Lopes, funcionário em greve.
A intenção do ato é trazer luz à greve das federais. Seis dos sete campi estão em greve. Nossa reitora disse que universidade tem dinheiro até setembro, e o presidente não abre negociação.
William Oliveira, estudante de história representante do DCE da Unifesp
Problemas financeiros. Nesta semana, a reitora da Unifesp, Raiane Assumpção afirmou que o orçamento permite que a universidade funcione até setembro e há necessidade de ajuda do governo federal.
Militantes com camisetas de pré-candidatos
Pré-candidato à Prefeitura de Guarulhos discursa em ato. O deputado federal Alencar Santana (PT-SP) foi o primeiro integrante do grupo político que acompanhava Lula a discursar na cerimônia. O parlamentar cumprimentou vereadores e pré-candidatos que estavam no ato.
Militância veste a camisa. Durante a cerimônia, apoiadores usaram uma camiseta em referência a Alencar Santana.
Ausência de Tarcísio
Governo Lula diz que convidou o governador Tarcísio de Freitas para o evento. A jornalistas, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, falou sobre a ausência do governador de SP. Padilha disse que "a época de conflito, em que tinha uma máquina de produzir conflitos no Palácio do Planalto, acabou", em referência ao governo Bolsonaro.
A definição da agenda foi na quarta-feira e o convite foi imediato. E nós sempre convidaremos. Tem uma música que diz, 'te convidei pro samba e voce não foi, eu vou te esquecer'. Nós vamos esquecer que não veio, mas sempre vamos convidar pro samba.
Alexandre Padilha, ministro de Lula
Sobre a obra inaugurada
As reformas inauguradas neste sábado integram parte dos aportes obrigatórios previstos no contrato de concessão firmado entre o governo e a concessionária CCR, responsável pela administração da Dutra e da Rio-Santos (BR-101/RJ/SP).
Ao todo, estão previstos investimentos de R$ 14,8 bilhões. Os recursos devem ser aplicados ao longo do contrato em serviços operacionais e intervenções que elevem a segurança e a capacidade operacional no eixo Rio-São Paulo.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, disse que haverá entregas na BR-116 em todo o Brasil. "Elas virão de múltiplas frentes. O presidente Lula estará sempre pronto para entregar, e quem se sentir corresponsável é bom estar presente. Assim é que a democracia se expressa", disse.