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PF negocia delação em inquérito sobre 'Abin paralela' no governo Bolsonaro

PF investiga uso da Abin durante o governo Bolsonaro para espionar opositores Imagem: Divulgação/Abin

Do UOL, em Brasília

11/06/2024 12h31

O diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, afirmou nesta terça-feira (11) que a corporação está negociando um acordo de delação premiada com investigados no inquérito que apura o uso da estrutura da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para monitorar ilegalmente pessoas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

O que aconteceu

Segundo o diretor-geral, o inquérito deve ser concluído até agosto, e a corporação avalia a possibilidade de fechar acordo com os investigados. Andrei Passos comentou sobre as tratativas durante um café da manhã com jornalistas nesta terça.

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Julho, agosto a gente conclui o inquérito. Tem diligências finais, tem a possibilidade de colaboração de investigados que está em fase de discussão interna com possíveis colaboradores.
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da PF

É a primeira vez que o diretor-geral expõe a tratativa, sem dar mais detalhes. A investigação é uma das principais em andamento na PF e pode atingir a gestão do ex-presidente Bolsonaro e, sobretudo, o ex-diretor da Abin e pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro pelo PL, Alexandre Ramagem.

Ramagem comandou a agência de inteligência no período em que foram constatados os monitoramentos ilegais por meio do programa FirstMile. O programa monitora a localização de aparelhos de celular em tempo real e está no centro das investigações da PF sobre o suposto uso da estrutura de inteligência para monitorar e perseguir opositores do governo Bolsonaro.

Operação fez buscas contra Ramagem

O ex-diretor da Agência, que atualmente é deputado federal, chegou a ser alvo de buscas da PF em janeiro. Na ocasião os agentes estiveram no gabinete dele em Brasília e também em seu endereço residencial, no Rio de Janeiro.

Na investigação, a PF encontrou trocas de mensagens de WhatsApp entre uma assessora do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e Ramagem. No diálogo, ocorrido em 2022 após Ramagem deixar a Abin, ela solicitava informações sobre inquéritos que poderiam envolver a família Bolsonaro. A suspeita da corporação é de que a estrutura paralela na Abin teria sido utilizada para abastecer o filho de Bolsonaro com informações.

A PF chegou a pedir o afastamento de Ramagem do mandato. Mas o ministro Alexandre de Moraes entendeu que não havia necessidade da medida. Ainda assim, após a operação, Ramagem acabou deixando a CCAI (Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência) do Congresso, da qual fazia parte.

Ramagem sempre negou irregularidades. Desde que o caso veio à tona, o ex-diretor da agência e deputado federal nega qualquer irregularidade. Além disso, deixou a CCAI para se dedicar a sua campanha para a Prefeitura do Rio.

Outros inquéritos

Além deste caso, a PF prevê concluir outras investigações envolvendo Bolsonaro até julho. Segundo o diretor-geral, a expectativa é que a corporação conclua as investigações envolvendo a venda de joias do ex-presidente, a fraude no cartão de vacinação e a tentativa de golpe de estado até julho deste ano.

Todos os casos estão sendo conduzidos pela PF perante o STF. O ministro Alexandre de Moraes é o relator de todas essas investigações, isto é, o responsável por analisar todos os pedidos da PF e do Ministério Público ao longo do andamento dos inquéritos. Como relator, caberá a ele analisar as possíveis denúncias que forem apresentadas contra Bolsonaro e levá-las para serem julgadas pelo STF.

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