STF forma maioria para condenar a 17 anos homem que quebrou relógio no 8/1
Do UOL, em São Paulo
28/06/2024 14h42Atualizada em 29/06/2024 08h04
O STF formou maioria para condenar o homem que danificou o relógio histórico no Palácio do Planalto no 8 de Janeiro.
O que aconteceu
Até a tarde desta sexta o placar é de 8 a 1 pela condenação a 17 anos de prisão do mecânico Antônio Cláudio Alves Ferreira. A pena foi proposta pelo relator, Alexandre de Moraes, que foi acompanhado pelos colegas Flávio Dino, Toffoli, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Cármen Lúcia. Cristiano Zanin e Edson Fachin acompanharam o relator, mas apresentaram ressalvas. O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso e o ministro André Mendonça votaram contra a condenação.
Falta apenas o voto do ministro Nunes Marques. O julgamento acontece no plenário virtual desde o dia 21 e termina hoje às 23h59. O mecânico é acusado de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e dano qualificado pela violência e grave ameaça.
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Moraes disse existir "robusto" conjunto de provas contra o mecânico. Ele citou depoimentos de testemunhas e vídeos. Ferreira foi preso depois de filmar a si mesmo no Planalto. Ele também acampou em frente ao QG do Exército, onde se concentraram bolsonaristas que defendiam intervenção militar após a eleição de Lula (PT).
Ferreira confessou em interrogatório, que além do relógio, danificou outros itens durante a tentativa de golpe. Para entrar no Planalto, ele inclusive confessou ter quebrado uma vidraça. Mesmo com a confissão, a defesa do réu pediu sua absolvição ao Supremo.
Relógio estava no Brasil desde 1808
O relógio foi um presente da Corte Francesa a Dom João 6º e ficava perto do gabinete de Lula. Uma perícia indicou que os manifestantes ocuparam o terceiro andar do Palácio do Planalto, onde fica o gabinete presidencial, por volta de 15h30. O relógio foi vandalizado três minutos depois.
Peça foi confeccionada pelo relojoeiro do rei francês Luís 14, Balthazar Martinot. Feito de casco de tartaruga e com um tipo de bronze que não é mais fabricado, o relógio virou um símbolo dos atos golpistas. Ele foi enviado para restauro na Suíça no começo deste ano. Seu valor não foi informado.
Só existe mais um relógio de Martinot. Com metade do tamanho da peça brasileira, o outro exemplar está exposto no Palácio de Versailles, na França.