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Ataques de Milei a Lula podem prejudicar a diplomacia, dizem especialistas

Montagem de fotos do presidente Lula (PT) e de Javier Milei, presidente eleito na Argentina Imagem: Gabriela Biló/Folhapress e Agustin Marcarian/Reuters

Nathália Moreira

Do UOL em São Paulo

06/07/2024 04h00

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido alvo de ataques por parte presidente da Argentina, Javier Milei. Nas redes sociais, Milei se referiu ao petista como "perfeito dinossauro idiota".

O que aconteceu

Durante a semana, Milei fez ataques seguidos a Lula, e tem previsão de chegar ao Brasil neste sábado (6) para um evento em Santa Catarina. Não é uma visita oficial e ele não irá se encontrar com Lula, — mas sim com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que também estará no evento conservador CPAC Brasil.

Especialistas em relações internacionais ouvidos pelo UOL acreditam que a relação diplomática entre Brasil e Argentina poderá ser afetada se os ataques continuarem.

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James Onnig, professor do Curso de Relações Internacionais da FACAMP, acha que a presença de Milei no Brasil sem avisar o governo brasileiro é uma ofensa. "O fato de Milei vir ao Brasil sem avisar o Itamaraty e sem comunicar as autoridades brasileiras representa uma ofensa ao país. E isso pode gerar dúvidas sobre o comportamento da diplomacia argentina nos próximos anos, mas de imediato a população não é afetada, depende de como a crise irá progredir."

Onnig considera que as atitudes de Milei podem afetar futuramente as relações diplomáticas entre Brasil e Argentina. "Se ele continuar cometendo ofensas ao Lula isso pode gerar futuramente atitudes mais concretas do governo brasileiro", afirmou. "Entre elas retirar o embaixador do Brasil de Buenos Aires, deixando somente um representante. Isso pode prejudicar a diplomacia, afetar a troca de informações e gerar atrasos no comércio entre países, criando problemas na importação e exportação."

Na avaliação de Uriã Fancelli, mestre em relações internacionais pelas universidades de Groningen e Estrasburgo, as declarações de Milei podem ser vistas como cortina de fumaça para desviar a atenção de problemas internos na Argentina. "A diplomacia continua por meio de canais institucionais, como a atuação da ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, que mantém um relacionamento cooperativo com o Brasil, amenizando os impactos entre os presidentes", afirma Fancelli, autor do livro "Populismo e Negacionismo".

Relembre ofensas

Na segunda-feira (2), o presidente argentino disse que Lula é um "perfeito dinossauro idiota". Os ataques foram feitos em uma publicação no X (antigo Twitter).

O argentino fez críticas ao governo do presidente brasileiro, acusando-o de corrupção. "Ele reclama porque eu lhe respondo com sinceridade. Ele foi preso por corrupção e é comunista", diz. Esta declaração ocorre em meio a crescentes tensões políticas entre os dois líderes, refletindo as suas diferenças ideológicas.

Em uma entrevista recente ao jornal argentino "El Observador", um jornalista se referiu a Lula como "grande comunista e corrupto". Milei concordou com o interlocutor, respondendo: "Óbvio, por isso foi preso".

Durante a campanha presidencial, Milei afirmou que se recusaria a se encontrar com Lula. "No caso do Lula é mais complicado porque ele tem uma vocação totalitária muito mais marcada. Em outras palavras, ele não é apenas um socialista. Ele é alguém que tem vocação totalitária", disse em entrevista à revista The Economist.

Em outubro do ano passado, Milei definiu Lula como "um comunista furioso" e fez novas acusações. Na ocasião, ele disse que Lula teria adotado "ações diretas" contra a sua candidatura do argentino. "A casta vermelha treme. Muitos comunistas nervosos e com ações diretas contra mim e meu espaço", escreveu Milei em seu perfil no X.

Em entrevista ao UOL no último dia 26, Lula disse que Milei "tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim". "Eu não conversei com o presidente da Argentina porque acho que ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim, ele falou muita bobagem, só quero que ele peça desculpas", afirmou o presidente.

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