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Coletivos fazem ato em homenagem a Frei Tito, torturado na ditadura militar

Frei Tito, homenageado neste sábado Imagem: Reprodução/Documentário "Ato de fé"/Alexandre Rampazzo

Nathália Moreira

Do UOL, em São Paulo

10/08/2024 05h30Atualizada em 11/08/2024 17h36

Coletivos de movimentos populares e políticos promovem hoje (10), em São Paulo, um ato pelo 50 anos de martírio de Frei Tito, torturado na ditadura militar por ajudar o guerrilheiro Carlos Marighella.

O que aconteceu

O ato em homenagem a Frei Tito de Alencar celebrará a vida e o legado do Frei, reconhecido por sua luta contra a ditadura militar e em defesa dos direitos humanos. Frei Tito foi um importante ativista que resistiu à repressão e dedicou a sua vida à causa dos direitos humanos no Brasil.

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O ato em homenagem a Frei Tito de Alencar celebrará a vida e o legado de Tito, reconhecendo sua luta, 50 anos após sua morte. No final dos anos 60, Tito foi preso após ser acusado de ajudar Carlos Marighella e torturado pela Polícia Militar.

Evento terá presença de entidades de direitos humanos, movimentos sociais, e políticos. Grupos como Levante Popular da Juventude, Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, Central de Movimentos Populares, o vereador Toninho Vespoli (PSOL) e a Bancada Feminista confirmaram presença no ato.

"Um alerta às novas gerações"

Frei Betto, que foi preso duas vezes no período militar, diz que é importante que a história não seja apagada. "É muito importante comemorar (que significa, fazer memória) os 50 anos do martírio de Frei Tito. É uma forma de não admitir que se apague a história das atrocidades cometidas pela ditadura militar ao longo de 21 anos (1964-1985) e alertar as novas gerações para o risco de o Brasil voltar a perder a sua frágil democracia e, de novo, cair em mãos de neofascistas."

Frei Ivo, que viveu na ditadura militar e ao lado de Tito de Alencar, diz que o frei é um símbolo do que foi a ditadura militar. "Primeiro lugar para homenageá-lo, pela coragem que ele teve, pelo processo que ele passou, por tudo que ele se dedicou, pela força que ele teve para enfrentar as torturas e não ceder aos torturadores", disse Ivo. "Essa experiência que ele viveu, esse processo que ele passou, o Tito é um símbolo do que foi a ditadura militar no nosso país, o que fez com uma boa parte da juventude que se opôs ao regime e sofreu as consequências desse processo."

Quem foi Frei Tito

Nascido em Fortaleza, Ceará, em 14 de setembro de 1945, Frei Tito foi dirigente regional da Juventude Estudantil Católica (JEC). Nas atividades que coordenava na região Nordeste conheceu Frei Betto, então dirigente nacional da mesma organização ligada à Igreja, de quem se tornou amigo. Decidiram ingressar juntos na Ordem dos Pregadores (Dominicanos) e se mudaram juntos para São Paulo.

Em São Paulo, foi acusado em 1969 de oferecer infraestrutura a Carlos Marighella e submetido a palmatória e choques elétricos no DOPS. Em fevereiro do ano seguinte, quando já se encontrava em mãos da Justiça Militar, foi retirado do Presídio Tiradentes e levado para a Operação Bandeirantes, mais tarde conhecida como DOI-CODI, na rua Tutóia, na capital Paulista.

Frei Tito faleceu em agosto de 1974, no Sul da França, induzido ao suicídio, em decorrência das torturas sofridas nos cárceres da ditadura militar. Durante três dias, bateram a sua cabeça na parede, queimaram a sua pele com brasa de cigarros e deram-lhe choques por todo o corpo.

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