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Neta de Allende inspirou Múcio a aumentar mulheres nas Forças Armadas

O ministro da Defesa, José Múcio, assina acordo de cooperação com a ministra da Defesa do Chile, Maya Allende, em Santiago Imagem: Divulgação/Ministério da Defesa

Do UOL, em Brasília

30/08/2024 12h00

Uma conversa com a ministra da Defesa do Chile, Maya Allende, fez José Múcio, ministro da Defesa do Brasil, agilizar o aumento da participação feminina nas Forças Armadas.

O que aconteceu

O presidente Lula (PT) assinou decreto que libera o alistamento de mulheres sem formação superior no serviço militar. A partir de 2025, elas poderão se alistar de forma voluntária entre janeiro e junho do ano em que completarem 18 anos —até então, só eram liberadas carreiras de nível superior, como médicas e engenheiras.

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Demanda antiga teve um empurrãozinho em uma conversa com neta de Allende. Em visita ao Chile em abril, Múcio ouviu da ministra, neta do ex-presidente Salvador Allende, morto em um golpe militar em 1973, que as Forças chilenas têm um efetivo com 20% de participação feminina.

Múcio ficou impressionado. Ao chegar ao Brasil, chamou os comandantes das três Forças e os servidores da Defesa e pediu um plano para aumentar a entrada de mulheres nos quartéis brasileiros, a ser apresentado ainda neste ano.

Meta inicial é dobrar contingente. Atualmente, as três Forças Armadas possuem 37 mil mulheres, o que corresponde a cerca de 10% de todo o efetivo, que é de 360 mil militares.

O tema era tabu. Militares mais antigos demonstravam certa resistência no ingresso feminino e faziam comparações físicas para tentar afastar mulheres do serviço militar. A alegação era a de que faltariam atribuições para mulheres em áreas de combate.

No Exército, Força que tem o maior efetivo, a percentagem de mulheres é de aproximadamente 6,2%, mas há poucas cabos e nenhuma soldado. Se considerado o universo de oficiais e sargentos, a proporção é de cerca de 15%.

Ainda falta alta patente no Exército. Nos próximos cinco anos, 16 mulheres estarão em condições de concorrer à promoção ao generalato —fato inédito na Força no Brasil.

FAB é a que tem mais mulheres proporcionalmente. A Força Aérea Brasileira (FAB) conta com um efetivo feminino total de 14.817, que representa 21,75% do total de seus quadros.

Primeira brigadeiro assumiu posto em 2020. A médica Carla Lyrio Martins assumiu em novembro de 2020 o posto de brigadeiro e se tornou a primeira oficial-general da Força Aérea Brasileira (FAB).

Na Marinha, são 8.482 mulheres. O número representa aproximadamente 12% do efetivo total dos marinheiros.

Marinha é pioneira. Ela admite mulheres desde 1980, mas, a partir de 1998, com uma reestruturação, a inserção da mulher na Força Naval foi ampliada com a promoção da primeira brasileira ao posto de oficial general das Forças Armadas em 2012, a contra-almirante Dalva Maria Carvalho Mendes.

Começa aos poucos. A partir do ano que vem, o alistamento das três Forças vai reservar 1.500 vagas ao todo, antes destinadas a homens, para mulheres, de forma voluntária, em todo o país. Mas essas militares só passarão a fazer parte dos quartéis em 2026. Como no alistamento masculino, as interessadas precisarão por exames clínicos e de laboratório para comprovar que não têm limitações de saúde.

Também há uma questão logística. A medida vale para todo o país, mas ainda não servirá para todas as cidades por necessidade de adaptação dos quartéis, até então dominados por homens, com alojamentos, vestiários e banheiros voltados a elas.

O objetivo é chegar ao cenário chileno. Múcio gostou dos 20% e quer crescer progressivamente no Brasil, a depender da procura. Atualmente, 85 mil pessoas ingressam nas Forças Armadas todos os anos, a grande maioria delas (75 mil) no Exército.

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