Lula: Desastre em Mariana foi irresponsabilidade e ganância de mineradoras
O presidente Lula (PT) culpou as empresas mineradoras pelas 19 mortes em Mariana (MG), em 2015, durante a assinatura do novo acordo de reparação dos prejuízos causados pelo rompimento da Barragem do Fundão.
O que aconteceu
O acordo, assinado por governo e empresas nesta tarde no Planalto, prevê o pagamento de R$ 132 bilhões ao poder público. Destes, R$ 100 bilhões tem de ser pagos em até 20 anos pelas empresas envolvidas (Samarco, Vale e a inglesa BHP Billiton) para que sejam aplicados em diversas iniciativas de recuperação da região e indenização da população.
Lula fez um discurso duro na presença dos presidentes das companhias. O petista disse que o acidente poderia ter sido evitado, questionou o uso dos cerca de R$ 37 bilhões já pagos pela fundação criada para amparar as vítimas e disse que a situação tem de "servir de lição".
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É isso que tem que ficar claro: nós estamos fazendo reparo numa desgraça que poderia ter sido evitada, mas que não foi evitada. Por irresponsabilidade, por ganância de lucro. [...] As questões climáticas estão acontecendo, mas o que aconteceu em Mariana não foi uma questão climática, foi uma questão de irresponsabilidade pura e simples.
Lula, sobre acidente de Mariana
"Eu espero que as empresas mineradoras tenham aprendido a lição", continuou o presidente. "Ficaria muito mais barato ter evitado o que aconteceu, infinitamente mais barato."
A cerimônia reuniu as cúpulas do governo, inclusive estaduais, do Judiciário e das empresas. Além de Lula, estavam presentes o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, e das companhias Vale, BHP e Samarco.
Lula também cobrou a Fundação Renova, criada pela Vale para ressarcir a população atingida. "Eu quero saber quantas casas a fundação construiu. Quantas casas, porque agora vamos ter que fazer as casas", questionou. Segundo a organização, até o início do mês, a empresa já havia fechado acordo com mais de 14 mil pessoas afetadas.
As empresas deverão pagar parcelas anuais. A primeira, de R$ 5 bilhões, deverá ser paga em até 30 dias. A partir de então, segue pagamento contínuo, ano a ano, até 2043. Segundo o Planalto, os valores anuais variam entre R$ 4,41 bilhões, previstos para a última parcela, em 2043, e R$ 7 bilhões, o mais alto a ser pago em um ano, em 2026.
Só de indenização serão R$ 11 bilhões. Ao todo, 300 mil pessoas que ainda não conseguiram reparação vão receber os valores. Pescadores e agricultores receberão R$ 95 mil, e os outros cidadãos, R$ 35 mil.
Os recursos celebrados no acordo permitirão ao poder público não apenas reparar os prejuízos financeiros das famílias envolvidas na tragédia, mas uma série de ações voltadas à recuperação ambiental das áreas atingidas, bem como para apoio aos municípios e aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo impactados diretamente pelo rompimento da barragem.
Lula, sobre acordo