'Demito quem eu quiser', diz Nunes sobre saída de aliado investigado
Do UOL, em São Paulo
09/11/2024 16h08Atualizada em 09/11/2024 16h08
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), se negou a explicar por que esperou o fim da eleição para demitir Eduardo Olivatto, que era chefe de gabinete da secretaria de obras. Olivatto tem ligações comerciais e pessoais com o empresário que mais faturou na gestão de Nunes com contratos emergenciais, sem licitação.
O que aconteceu
Nunes foi questionado sobre a demissão de Olivatto em agenda na zona sul da capital, na tarde deste sábado (9). O agora ex-chefe de gabinete foi exonerado do cargo na última terça (5), após ter sido atacado na campanha eleitoral. Adversários de Nunes lembraram as relações de Olivatto com um empreiteiro e por ele ser ex-cunhado de Marcola, chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital).
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O prefeito não quis explicar o motivo da demissão de Olivatto. "Eu admito e demito quem eu quiser. Eu sou prefeito, é um cargo de confiança", disse Nunes ao UOL. Olivatto é funcionário de carreira do município, mas foi nomeado para a chefia de gabinete da secretaria de obras na atual gestão. Segundo a publicação no Diário Oficial, Olivatto foi demitido a pedido dele mesmo.
Nunes estava em inauguração no Parque Santo Antônio, bairro do distrito Jardim São Luís, zona sul da capital. O prefeito visitou uma unidade da CUFA (Central única das Favelas) e participou da abertura de um novo espaço para atendimento à comunidade no local, que oferece atividades esportivas e educacionais para crianças e adultos.
Ligações com empreiteiro
Olivatto é ligado ao campeão de contratos sem licitação na gestão Nunes. É o empresário Fernando Marsiarelli, dono da F.F.L Sinalização, Comércio e Serviços, que fechou contratos de R$ 624,1 milhões com a Prefeitura desde 2021. Oilvatto mora com a família em um apartamento de luxo que pertence a uma empresa de Marsiarelli e usou outro imóvel do empreiteiro, em 2022, como sede de uma empresa que mantém com a esposa.
A relação entre os dois é investigada pela CGM (Controladoria-geral do Município). O órgão abriu um procedimento no início de outubro para apurar o caso.
Olivatto nega ter sido favorecido por suas relações com a F.F.L sinalização. Ao UOL, o servidor afirmou que não participava de decisões sobre as licitações enquanto era chefe de gabinete da secretaria de obras. Já Fernando Marsiarelli, dono da empreiteira, disse que tinha apenas uma "relação institucional" com Olivatto, e que "não há conflito de interesses" nessa ligação.
O servidor também foi investigado por pedir votos para Nunes. Entre o primeiro e o segundo turno, Olivatto falou em um caminhão de som para funcionários da Potenza Engenharia, outra empresa que fechou contratos sem licitação com a atual Prefeitura. Olivatto chegou a ser investigado por suspeita de crime eleitoral, mas o inquérito acabou arquivado na última quinta (7).