Gilmar Mendes elogia PF e diz que STF está maduro para julgar atos do 8/1
Nathália Moreira
Do UOL, em São Paulo
13/02/2025 14h36
Em entrevista à CNN, o ministro Gilmar Mendes, do STF, afirmou que a corte tem maturidade para julgar os atos do 8 de Janeiro e elogiou o trabalho da Polícia Federal. A Procuradoria-Geral da República analisa as denúncias no inquérito que apura uma tentativa de golpe de estado contra Lula em 2022 e entre os indiciados pela PF estão Bolsonaro e militares.
O que aconteceu
Gilmar Mendes defendeu a investigação sobre o ato 8 de Janeiro. "A Polícia Federal fez uma importante investigação ao revelar uma série de tramas, discussões, de filmetes de reuniões que dão base para essa discussão e vamos analisar agora a partir da perspectiva do Procurador-Geral da República que, todos sabem, é uma pessoa muito criteriosa. É um dos procuradores, nos últimos anos, mais respeitados no Supremo Tribunal Federal", disse em entrevista à CNN Brasil.
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Questionado sobre uma possível condenação de ex-presidente da República, ministro disse que tribunal atuará com responsabilidade. "Não tenho dúvidas, se for o caso, dentro das balizas democráticas do estado de direito, de proferir um juízo condenatório, o tribunal saberá fazê-lo com toda a responsabilidade", disse Mendes, sem citar o nome de Bolsonaro.
O tribunal revela uma grande maturidade. O próprio enfrentamento que nós tivemos durante esses anos do governo Bolsonaro não só aqui mas também no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) revela esse amadurecimento, essa capacidade de resiliência. Gilmar Mendes, ministro do STF
Em entrevista a Reinaldo Azevedo, colunista do UOL, ministro criticou debate sobre anistia para participantes do 8 de Janeiro. "É um debate muito estranho esse [da anistia], para crimes dessa gravidade. Eu acho que, ao contrário, nós devemos é procurar julgar esses casos, nos esforçar no sentido do julgamento desses casos; me parece que essa deve ser a determinação.
Nós estamos falando de algo muito contextualizado. Essas pessoas, desde novembro, estavam acampadas em frente aos quartéis Brasil afora. E, então, a questão tem que ser vista nesse amplo contexto. É por isso que não me parece que a gente deva simplificar. E por isso foi tratado com severidade pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento, que agora vai continuar" Gilmar Mendes, ministro do STF
Ficha Limpa
Gilmar Mendes se posicionou sobre debate em relação à Lei da Ficha Limpa. Bolsonaristas vem criticando a lei e pedem alterações para beneficiar o ex-presidente, que está inelegível. "O Brasil de alguma forma deu uma resposta adequada para as pessoas que cometem crimes. Ninguém quer a inelegibilidade eterna, mas que haja algo que sirva de barreira para que pessoas que não se comportaram bem nos cargos públicos saiam por tempo da vida pública. Fixar em dois anos significa que talvez a pessoa sequer deixe a função, talvez esteja candidata nas próximas eleições", disse.
Bolsonaro segue proibido de concorrer a cargos eletivos até 2030. Isso aconteceu após ser condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023 por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em reunião com embaixadores, e por abuso de poder político durante o feriado do 7 de setembro em 2022.