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Raquel Landim: Parte do governo quer recorrer à OMC contra tarifas de Trump

Do UOL, em São Paulo

12/03/2025 17h39

Parte do governo Lula (PT) defende a ideia de recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio) contra tarifas adotadas pelo presidente americano, Donald Trump, sobre o aço e alumínio brasileiros, apurou a colunista Raquel Landim para o UOL News, do Canal UOL.

Existe uma parte do governo brasileiro que quer pelo menos entrar na OMC, mesmo que a OMC não tenha os dentes, para ganhar o respaldo político. Raquel Landim, colunista do UOL

Em fevereiro, Trump disse que países que foram beneficiados por exceções às tarifas impostas pelo próprio republicano em seu primeiro mandato —como é o caso do Brasil, que tem uma cota— aumentaram significativamente suas exportações para os EUA nos últimos anos.

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Na argumentação do republicano, esses países estariam comprando cada vez mais aço da China, maior exportadora mundial e causadora do fenômeno conhecido como excesso de capacidade (ou sobrecapacidade), e como consequência enviando suas produções locais para o mercado americano.

Ontem, Lula enviou recado Trump e pediu para que o republicano falasse manso com ele, enquanto discursava em um evento, em Betim (MG). A declaração se dá em meio às negociações entre Brasil e Estados Unidos sobre tarifas. O governo brasileiro, intermediado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), tem tentado reduzir a imposição sobre o aço.

Ao Canal UOL, Raquel analisou o imbróglio comercial dizendo que é preciso entender com qual tipo de Trump o Brasil está lidando.

Esse Trump funciona como aquele que faz bullying dentro da sala de aula. É um Donald Trump que consegue ser mais agressivo e mais complicado do que o Donald Trump do passado. Será apenas este mandato? Então, será que vale a pena você realmente baixar a cabeça para esse Donald Trump?

Lá na frente, você precisa aplicar sobretaxas, você precisa agir de uma forma mais contundente contra esse Donald Trump. Você pode ver que a União Europeia está fazendo assim, a China está fazendo assim.

Geralmente eu sou mais da conciliação, eu acho que sobretaxas elas prejudicam a economia brasileira. Agora a gente tem que tentar entender esse Donald Trump, quem é que a gente tá lidando agora. E esse Donald Trump é muito mais agressivo. Raquel Landim, colunista do UOL

EUA impõem tarifa sobre aço brasileiro

Começa a valer hoje a taxa de importação de 25% sobre o aço e alumínio que são enviados pelo Brasil, Canadá e México aos Estados Unidos. A decisão do presidente Donald Trump foi ratificada na semana passada em discurso no Congresso.

Além do aço e alumínio, começam a valer hoje taxas de 25% de importação para outros produtos, como cobre e madeira serrada.

O Brasil deve sentir o efeito da taxação de forma expressiva. O país exporta principalmente produtos semiacabados —placas de aço e tarugos. Ao todo, aproximadamente US$ 6 bilhões (cerca de R$ 35 bilhões) em vendas podem ser impactados com a medida. Coreia do Sul, México e Canadá também saem perdendo.

Especialista: 'Brasil servir de barriga de aluguel para a China é inviável'

A justificativa utilizada pelo presidente americano, Donald Trump, de que o Brasil estaria usando as cotas cedidas pelos EUA para aumentar a exportação de aço vindo da China, de forma camuflada, seria uma prática inviável por várias razões, afirmou o ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral.

Em primeiro lugar, a produção de aço brasileira já é bastante grande e exporta muito porque tem competitividade. Em segundo lugar, porque o Brasil não tem vantagem tarifária nos Estados Unidos, quando comparado com a China. Quem tinha vantagem tarifária era o México e o Canadá.

E, em terceiro lugar, porque importar e exportar no Brasil é muito complexo. O Brasil tem uma burocracia ainda muito pesada na importação, além dos custos no imposto de logísticos, então, na prática isso não é viável. Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior

A expressão "barriga de aluguel", utilizada pelo colunista do UOL Josias de Souza, se refere a uma prática bastante conhecida no mercado em que uma empresa de um país (neste caso, a China) exporta um produto para outro país (os EUA) usando uma terceira nação como intermediária (o Brasil). Isso pode ocorrer para evitar barreiras comerciais, aproveitar acordos estabelecidos ou camuflar a verdadeira origem. Pode ser considerada uma prática legal ou ilegal dependendo da regulamentação local.

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