Morre Fuad Noman, prefeito de Belo Horizonte, aos 77 anos
Do UOL, em São Paulo
26/03/2025 11h57Atualizada em 26/03/2025 14h57
O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), morreu hoje na capital mineira, aos 77 anos.
O que aconteceu
Prefeito estava internado desde 3 de janeiro, dois dias após tomar posse virtualmente para seu segundo mandato. Foi uma de várias internações desde que descobriu um câncer no sistema linfático, um linfoma não Hodgkin, em julho de 2024, quando ainda era pré-candidato. Fuad passou por cirurgia e continuou em tratamento, mas sua saúde foi se debilitando, o que ocasionou novas internações.
A causa da morte foram as consequências das complicações do câncer. Ele sofreu uma parada cardiorrespiratória às 22h de ontem, foi reanimado, mas respirava com aparelhos. Segundo a equipe médica, estava com insuficiência renal aguda e entrou em choque cardiogênico —quando o coração não consegue bombear sangue para os outros órgãos.
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O velório de Fuad Noman acontecerá amanhã, no saguão da Prefeitura de Belo Horizonte. Segundo a prefeitura, o velório será aberto ao público.
Nascido em Belo Horizonte, o prefeito deixa esposa, dois filhos e quatro netos. "Fuad era conhecido por seu trato gentil, sua capacidade de escuta e seu amor por Belo Horizonte. Um homem público íntegro, cuja história se confunde com o desenvolvimento da nossa cidade", declarou a Prefeitura de Belo Horizonte, em nota.
Nas eleições de 2024, o político do PSD reuniu uma frente de esquerda para vencer Bruno Engler (PL) no segundo turno. Foi apoiado pelo presidente Lula e por dois rivais do primeiro turno, Rogério Correia (PT) e Duda Salabert (PDT). Acabou reeleito com 53,73% dos votos, contra 46,27% do adversário, e citou a "virada história" em seu discurso de vitória —Engler ficou na frente no primeiro turno.
Fuad tomou posse virtualmente no dia 1º de janeiro. Ele não esteve presencialmente no ato oficial na Câmara de BH, devido à imunidade baixa por ter sido submetido ao tratamento contra o câncer.
O vice-prefeito Álvaro Damião (União) vinha governando a cidade interinamente desde janeiro. Damião lamentou a morte de Fuad. "Ele nos deixa um exemplo de vida e um legado de compromissos com a causa pública. Não vai ser fácil. Mas honrar o nome do Fuad é um ideal que jamais abrirei mão", disse.
Quem foi Fuad Noman
Vice-prefeito de Alexandre Kalil (Republicanos), Fuad assumiu a prefeitura em 2022. O então prefeito, em seu segundo mandato, renunciou ao cargo para se candidatar ao governo de Minas Gerais naquele ano. No primeiro mandato de Kalil (2017-2020), Fuad foi secretário de Fazenda da cidade.
Antes, atuou em outros cargos da administração federal e municipal. Formado em Ciências Econômicas pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília, começou a trabalhar no serviço público como funcionário do Banco Central. Foi secretário da Fazenda de MG entre 2003 e 2006 e secretário de Transportes e Obras Públicas entre 2007 e 2010. Também trabalhou como secretário-executivo da Casa Civil no governo FHC e foi consultor do FMI e presidente da Gasmig (Companhia de Gás de Minas Gerais) em 2011.
Escritor do livro "Cobiça", Fuad foi criticado pela obra durante as eleições. Seu rival afirmou em propagandas eleitorais que o texto era erótico. O livro conta a história de uma mulher que investiga o passado de sua família —o trecho criticado por Engler é o de quando a personagem conta sobre um estupro que ela teria sofrido aos 12 anos.
Fuad passou por quatro internações entre o final novembro e o início de janeiro. A primeira entrada no hospital Mater Dei, em 28 de novembro, ocorreu por dores nas pernas em consequência do tratamento contra o câncer. Dias depois, em 10 de dezembro, ele foi internado com quadro de pneumonia e sinusite. No dia 19, voltou com diarreia e desidratação — recebeu alta em 23 de dezembro.
Internado, Fuad não compareceu à diplomação e, por recomendação médica, participou da posse virtualmente. Ao lado da primeira-dama, Mônica Drumond, o prefeito fez o juramento com dificuldades para falar. Seu discurso foi lido pelo vice.
Muita gente tem me perguntado o porquê de eu estar aqui, um homem de 77 anos, disputando uma pesada eleição, em vez de curtir os netos, ficar com a família no sítio ou viajar. Nos últimos meses, tive que ser hospitalizado, o que aumentou a curiosidade de amigos. A resposta é muito simples, estou aqui por muito amor a essa cidade e a sua gente.
Trecho do discurso de Fuad na posse, lido pelo vice-prefeito
Dois dias depois, em 3 de janeiro, o prefeito voltou ao hospital com insuficiência respiratória aguda. O quadro se agravou desde então, até a parada cardíaca e o falecimento nesta quarta-feira.