Em julho de 2019, Abraham Weintraub interrompeu suas férias para ironizar os rumores de que seria demitido apenas três meses depois de assumir a chefia do MEC (Ministério da Educação). No Twitter, publicou uma foto deitado em uma rede e escreveu: "Ministro da Educação balança, mas não cai".
A profecia de Weintraub se manteve: de lá para cá, o MEC atravessou tempos turbulentos, mas ele permaneceu no cargo. Sob sua gestão, não faltaram polêmicas: acusadas de promoverem "balbúrdia", universidades federais passaram meses com recursos congelados, causando protestos por todo o país; mais de 8.000 bolsas de pesquisa foram cortadas; e no Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão do MEC responsável pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), a presidência foi trocada três vezes.
Mas o "melhor Enem de todos os tempos", como Weintraub disse ter feito ao entregar os resultados do exame há cerca de duas semanas, não aconteceu. Um dia depois da declaração do ministro, o MEC admitiu ter divulgado parte das notas com erros.
O caso foi parar na Justiça, que chegou a impedir a liberação dos aprovados no Sisu (Sistema de Seleção Unificada — de vagas nas instituições federais de ensino superior). Em meio à crise, o ministro usou o Twitter para publicar um vídeo tocando gaita e até para acusar autores de relatos de problemas no Sisu de serem de esquerda.
Secretário de ensino superior do MEC, Arnaldo Lima Barbosa Júnior pediu demissão na última quinta-feira (30). E vozes até da direita, como o grupo MBL passaram a criticar abertamente o ministro e até pedir sua demissão.
Mas até a noite da última sexta (31), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não havia dado sinais de que trocaria o comando da pasta. Pelo contrário: publicou em seu Twitter uma foto com o ministro.