No mundo da diplomacia, cada gesto é pensado. Cada palavra, é igualmente pesada. Não apenas pelo seu valor imediato, mas como uma sinalização política de um governo e de suas intenções. No mundo do Barão de Rio Branco, símbolo e patrono da diplomacia, cada documento também vira parte de um futuro acervo da história nacional.
Mas uma troca de cartas entre o governo brasileiro e a ONU (Organização das Nações Unidas) revelou uma dimensão rara e pouco comum nos telegramas e comunicados sigilosos. O motivo: a forma pela qual o governo brasileiro passou a lidar com os crimes da ditadura militar.
Começou em março. Um relator da ONU pediu esclarecimentos ao governo de Jair Bolsonaro (PSL) sobre o que havia sido feito no país para explicar aos brasileiros as violações cometidas durante a ditadura militar e, assim, evitar que elas se repetissem. Em resposta, o Palácio do Planalto informou que isso já tinha sido lidado na Lei da Anistia, em 1979, e não cabia a um relator das Nações Unidas se intrometer no caso.