A bebida alcoólica também estava presente entre os habitantes do que hoje chamamos de Brasil antes de os portugueses chegarem.
Dentre as opções do cardápio tupiniquim, o pileque mais ilustre era o cauim, conforme relata o jornalista e publicitário Ulisses Tavares em seu livro Hic!stórias: Os Maiores Porres da História da Humanidade.
"Em nossas selvas quentes e úmidas, as opções eram variadas. E a mandioca crescia como mato, era só arrancar e preparar o cauim. Existiam outras bebidas alcoólicas, preparadas com milho, babaçu etc., mas o cauim imperava entre os indígenas de norte a sul", relata ele.
E traz a receita: "Pegue uma porção de mandioca, descasque, cozinhe bem, rale tudo. Ponha a gororoba na água fria e deixe fermentar por três dias. Se ficar muito forte, misture com caldo de cana. E está pronto", ensina o livro.
"Assim como outros povos indígenas, os tupinambás possuíam um sólido conhecimento das artes da fermentação e utilizavam este conhecimento em uma pletora de bebidas fermentadas chamadas genericamente de cauim, em especial as cervejas de mandioca e milho e os vinhos de frutas, dos quais o mais apreciado era o de caju", narra o historiador João Azevedo Fernandes (1963-2015) no artigo Sobriedade e Embriaguez: A Luta dos Soldados de Cristo Contra as Festas dos Tupinambás.
Com a chegada dos portugueses, o leque etílico nacional se alterou.
"No Brasil do século 16, os portugueses intensificaram o plantio da cana-de-açúcar e como um subproduto da produção realizada pelos engenhos de açúcar, a cachaça começou a ser fabricada como uma alternativa ao vinho e é considerada um dos primeiros produtos nacionais. No entanto, engana-se quem acredita que por aqui a história das bebidas começou assim", diz o engenheiro químico Lacerda.