A transformação da política externa de Biden, porém, não significou uma mudança profunda em relação aos chineses, foco também de duras críticas de Trump.
A Casa Branca indicou que quer trabalhar com Pequim onde houver pontos de acordo, como na questão ambiental. Mas, em reuniões fechadas com a cúpula da ONU, revelaram que os diplomatas americanos pressionam a comunidade internacional a denunciar a situação de direitos humanos na China, enquanto no setor de tecnologia a ordem é a de não perder mais espaço para os asiáticos.
Trump havia aberto uma crise internacional ao elevar tarifas contra bens chineses e estabelecer de fato uma guerra comercial, inclusive paralisando os trabalhos na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Ao assumir o poder, Biden destravou os trabalhos na agência mundial do comércio e indicou que quer uma reforma da entidade. Mas não retirou a pressão comercial sobre a China.
Para negociadores, um dos grandes desafios de Biden será o de dar sinais para a classe média americana de que a "volta dos EUA ao mundo" não significará a perda de empregos e a fuga de empresas das cidades americanas.
A julgar pelos cem primeiros dias de governo, o confronto com Pequim não ocorrerá pelas redes sociais ou por declarações. Tampouco haverá um espaço para uma moderação.
Ao falar ao New York Times, recentemente, uma frase chamou a atenção de diplomatas. "Quero ter certeza de que iremos lutar para que haja investimentos primeiro nos EUA", disse. Em inglês, a frase soou com duas palavras conhecida da Era Trump: "America first".