O ano em fotos

As imagens que definem os acontecimentos marcantes de 2018

Do New York Times Pool de imprensa da Cúpula Coreana/The New York Times

Este artigo faz parte da série "Fator de Mudança: Pauta Global 2019", do "The New York Times News Service & Syndicate", que o UOL publica exclusivamente no Brasil. 

Pool de imprensa da Cúpula Coreana/The New York Times
Andrew Quilty/The New York Times

Janeiro: terror no Afeganistão

Quase 100 pessoas foram mortas com a explosão de uma ambulância em uma rua movimentada de Cabul, em 27 de janeiro. Depois de passar por um posto de controle, o motorista do veículo detonou os explosivos que trazia consigo antes de chegar à segunda cabine. O Talibã assumiu a responsabilidade pelo ataque. Foi o atentado mais violento em solo afegão em vários meses, e ocorreu dias depois do cerco orquestrado pela mesma organização no Intercontinental Hotel, também na capital, que deixou 22 mortos. O governo denunciou a explosão como crime contra a humanidade, e acusou o vizinho Paquistão de ajudar os líderes fundamentalistas. 

Jim Wilson/The New York Times Jim Wilson/The New York Times

Janeiro: deslizamentos e incêndios arrasam a Califórnia

Pelo menos 21 pessoas morreram nos deslizamentos que castigaram Montecito, na Califórnia, em nove de janeiro. O Departamento Estadual Florestal e de Proteção de Incêndios informou que mais de 65 casas foram destruídas e centenas ficaram danificadas. Uma série de incêndios florestais tinha atingido a região de Southern California nos meses anteriores, queimando a vegetação e danificando o solo que poderia ter retardado a avalanche de lama. Só o Thomas destruiu quase 114 mil hectares nos condados de Ventura e Santa Barbara, em dezembro de 2017, estabelecendo o recorde de maior incêndio da história do estado. Segundo os especialistas, os danos causados pelo fogo podem deixar a área vulnerável a novos deslizamentos durante vários anos.

Saul Martinez/The New York Times

Fevereiro: Massacre em colégio na Flórida no dia dos namorados

Dezessete pessoas foram mortas quando Nikolas Cruz, de 20 anos, abriu fogo contra os alunos da Marjory Stoneman Douglas High School em Parkland, Flórida, em 14 de fevereiro. Foi a maior chacina em escolas nos EUA desde a tragédia na Sandy Hook Elementary School, em 2012. Nos meses seguintes ao ataque, os sobreviventes assumiram um papel contundente de defesa de um controle de armas mais rígido, formando um comitê político de ação e liderando o protesto March for Our Lives, realizado em várias cidades do país no mês seguinte.

Sumaya Hisham/Reuters

Fevereiro: fim do governo de Zuma da África do Sul

Jacob Zuma, que já foi considerado intocável, renunciou à presidência da África do Sul em 14 de fevereiro, depois de quase nove anos no cargo. Seu partido, o Congresso Nacional Africano, fez pressão para que tomasse tal decisão, depois de se negar a fazê-lo por vontade própria. Sua administração foi marcada por improbidade ética, incluindo tráfico de influência e corrupção. Zuma, que já lutou contra o apartheid e foi preso na Ilha Robben com Nelson Mandela, foi sucedido por Cyril Ramaphosa. 

Noel West/The New York Times

Março: "A Forma da Água", de Del Toro, fatura alto no Oscar

Em quatro de março, Guillermo del Toro levou para casa o prêmio de Melhor Diretor na 90ª edição do Oscar, marcando a quarta vez em cinco anos que um mexicano levou a estatueta da categoria. Entre os indicados estavam Greta Gerwig, a quinta mulher a ser indicada na direção, com "Lady Bird", sua estreia atrás das câmeras, e Jordan Peele, que se tornou o quinto diretor negro na história da Academia a ser indicado por "Corra!". "A Forma da Água", fantasia de Del Toro que se passa durante a Guerra Fria, também faturou Melhor Filme, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Direção de Arte. 

Pool de imprensa da Cúpula Coreana/The New York Times Pool de imprensa da Cúpula Coreana/The New York Times

Abril: as Coreias avançam rumo à paz

Em 27 de abril, o líder norte-coreano Kim Jong-un e o presidente sul-coreano Moon Jae-in se encontraram na Zona Desmilitarizada, o trecho que divide a Península Coreana. Após um aperto de mão, com cada um em seu respectivo lado da fronteira, Kim atravessou a divisa, tornando-se o primeiro líder do Norte a fazê-lo desde a separação, em 1945. O encontro culminou com um acordo pela busca de uma "Península Coreana sem armas nucleares" e o fim da guerra entre os dois países. A aproximação das duas nações, facilitada pela eleição de Moon, em 2017, que é pró-unificação, e o discurso conciliatório de Réveillon de Kim, continuou nos meses seguintes, com encontros entre autoridades do Norte e do Sul, parceria em eventos esportivos e acordos com o objetivo de aliviar as tensões militares.

Maio

Todd Heisler/The New York Times

Magnata de Hollywood é preso em Nova York

Em 25 de maio, a polícia de Nova York prendeu Harvey Weinstein, ex-magnata do cinema, acusado de assédio e violência sexual por mais de 70 mulheres. Apesar de ser libertado sob fiança no dia seguinte, o executivo foi indiciado mais tarde, graças à acusação de estupro de uma mulher e de forçar outra a lhe praticar sexo oral. A queixa dada por uma terceira vítima, que o acusou de forçá-la ao sexo, ocorreu em julho. As denúncias abriram espaço para o movimento #MeToo, que expôs a má conduta de dezenas de homens poderosos.

Tamir Kalifa/The New York Times

O Kilauea entra em erupção e forla a fuga de milhares de pessoas

Precedida por uma sequência de terremotos, a erupção do havaiano Kilauea ocorreu em três de maio. Situado na Ilha Grande, a maior do arquipélago havaiano, é o mais jovem dos cinco vulcões que formam o estado norte-americano e um dos mais ativos do mundo. Milhares de pessoas foram forçadas a evacuar a área à sua volta e centenas de casas foram destruídas, ainda que não tenha havido vítimas fatais. O setor de turismo havaiano foi seriamente afetado, com os navios suspendendo suas paradas na ilha e as reservas sendo canceladas maciçamente.

Doug Mills/The New York Times Doug Mills/The New York Times

Junho: encontro histórico em Singapura

Em doze de junho, Donald Trump e Kim Jong-un trocaram um aperto de mão para selar o encontro histórico em Singapura. Foi a primeira reunião entre um presidente norte-americano em exercício e o líder norte-coreano. Os dois posaram para fotos e fizeram declarações breves antes da conversa de 45 minutos, da qual, além deles, só participaram os tradutores. Eventualmente, ambos assinaram um acordo prometendo empenho conjunto para a desnuclearização norte-coreana e a estabilização da península. Depois, os EUA suspenderam os exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul, no que tudo indica ter sido uma concessão ao Norte.

Todd Heisler/The New York Times

Junho: separação de famílias na fronteira causa revolta

Donald Trump assinou um decreto, em vinte de junho, para acabar com a separação das famílias ao longo da fronteira entre os EUA e o México. Como consequência da política de "tolerância zero" de seu governo em relação à imigração, qualquer adulto que fosse pego tentando atravessar de um país para o outro seria processado criminalmente - e em decorrência disso, mais de duas mil crianças foram separadas dos pais entre abril e maio. Em meio aos relatos do sofrimento dos imigrantes, a revolta pública forçou Trump a recuar - embora a ordem executiva nunca tenha especificado o que acontece com as crianças que já foram separadas dos pais.

Mohamed Abd El Ghany/Reuters

Julho: um eclipse lunar "sangrento"

Em 27 de julho, grande parte do mundo testemunhou o eclipse lunar total mais longo do século XXI. O fenômeno da "lua de sangue" durou 103 minutos e, embora não tenha sido visto na América do Norte, pôde ser admirado integralmente na Europa, na África e em partes da Ásia. O evento celestial ocorreu no mesmo mês em que Marte chegou ao ponto mais próximo da Terra nos últimos quinze anos.

Philippe Wojazer/Reuters Philippe Wojazer/Reuters

Julho: a copa do mundo é da França

Em quinze de julho, a França ganhou a Copa do Mundo de 2018, superando a Croácia por 4x2 em uma partida empolgante no Estádio Luzhniki, em Moscou. Com a vitória, os franceses se tornaram bicampeões mundiais exatamente vinte anos depois de terem superado o Brasil, em 1998. Com a conquista gaulesa, também se encerrou uma edição cercada pela polêmica, com alegações de corrupção por parte da Rússia para garantir a organização do evento e críticas ácidas ao envolvimento de Vladimir Putin no conflito da Ucrânia. Dias antes do início da competição, a Nike também foi manchete ao anunciar que não forneceria mais os uniformes da seleção iraniana devido às sanções impostas pelos EUA àquele país.

Agosto

Paulo Nunes dos Santos/The New York Times

O papa visita a Irlanda enquanto o escândalo da Igreja se agrava

Em 25 de agosto, o Papa Francisco chegou à Irlanda para uma estadia de dois dias, durante a qual participaria do Encontro Mundial das Famílias. A primeira visita de um pontífice à Irlanda em quase 40 anos aconteceu em meio a um escândalo de abuso sexual que abalou a igreja nos últimos anos -- e que ganhou fôlego depois das revelações feitas pela própria Igreja da má conduta sexual de Theodore McCarrick, ex-arcebispo de Washington, décadas atrás. Em discurso em Dublin, o Papa reconheceu a crise, mas o fato de não ter oferecido um plano de ação concreto -- e os relatos de que teria ajudado a acobertar as ações de McCarrick -- geraram fortes críticas.

Nicole Tung/The New York Times

Turquia enfrenta momento turbulento

A moeda turca atingiu um recorde negativo em agosto, com o país mergulhado na pior crise econômica desde 2001. Em treze de agosto, o valor da lira bateu em 7,2 em relação ao dólar, quando no início deste ano o câmbio estava a 3,8. Os economistas atribuíram a maior parte da responsabilidade ao presidente Recep Tayyip Erdogan, que dependia da dívida para subsidiar vastos projetos de infraestrutura. O impasse entre a Turquia e os EUA, que impuseram sanções aos turcos em resposta à detenção de um pastor acusado de espionagem em Ancara, acelerou a queda da moeda.

Lianne Milton/The New York Times Lianne Milton/The New York Times

Setembro: no Brasil, incêndio destrói o museu nacional

Em dois de setembro, um incêndio voraz assolou o Museu Nacional, no Rio de Janeiro. As chamas não demoraram a engolir o prédio de 200 anos, que abrigava mais de vinte milhões de artefatos do Egito antigo, de Roma e das culturas indígenas brasileiras. Segundo funcionários, quase 90 por cento do acervo - que inclui documentos, obras de arte e restos mortais - foram destruídos. Fundado em 1818 por Dom João VI de Portugal, o museu era a instituição científica mais antiga do Brasil, mas sofrera com anos de negligência financeira e não tinha sistema efetivo de combate a incêndios.

Francis Mascarenhas/Reuters

Setembro: vitória dos direitos dos gays na Índia

Defensores dos direitos LGBT na Índia fizeram festa, em seis de setembro, depois que a Suprema Corte determinou a descriminalização do sexo consensual entre gays. Os cinco juízes votaram unanimemente para derrubar um julgamento de 2013 que reinstaurou uma proibição de 157 anos do sexo considerado "contra a ordem natural". Milhares de gays tinham sido processados por causa dessa lei, antes que ela fosse considerada inconstitucional, em 2009. O Chefe de Justiça do país, Dipak Misra, descreveu a legislação, conhecida como Seção 377, como "irracional, indefensável e manifestamente arbitrária". A decisão histórica representou uma grande vitória para os ativistas LGBT na Índia, onde a homossexualidade ainda é considerada tabu. 

Ozan Kose/Agência France-Presse ? Getty Images

Outubro: jornalista é morto no consulado saudita

Em dois de outubro, Jamal Khashoggi desapareceu depois de entrar no consulado de seu país em Istambul. O famoso jornalista saudita, que era crítico ferrenho do príncipe Mohammed bin Salman e vivia em exílio autoimposto nos EUA, tinha ido buscar documentos para seu casamento, que seria realizado em breve. A princípio, o governo saudita negou qualquer envolvimento no desaparecimento de Khashoggi, mas as autoridades turcas acusaram um grupo de quinze agentes sauditas de matá-lo. Depois disso, os árabes voltaram atrás, admitindo que o jornalista tinha sido morto após uma briga, mas negaram que o crime teria sido a mando de Mohammed.

Carlos Osorio/Reuters

Outubro: o Canadá legaliza a maconha

Em 17 de outubro, o Canadá se tornou o segundo país do mundo a legalizar a maconha para fins recreativos, depois do Uruguai. Segundo a nova legislação, adultos podem comprar até 30 gramas de distribuidores licenciados em nível federal. A legislação cumpre a promessa de campanha do primeiro-ministro Justin Trudeau, que alega que a legalização ajudará a reduzir a criminalidade relacionada à erva e diminuir seu uso entre menores. De acordo com uma estimativa do Deloitte, a indústria da maconha canadense deve gerar até US$4,3 bilhões no primeiro ano. 

Erin Schaff/The New York Times

Novembro: resultado surpreendente nas eleições intermediárias nos EUA

Muitos candidatos conquistaram vitórias históricas nas eleições intermediárias norte-americanas, realizadas em seis de novembro. Na próxima edição do Congresso haverá, pela primeira vez, pelo menos cem mulheres na Câmara dos Deputados, entre elas Alexandria Ocasio-Cortez, 29 anos, a mais jovem a ocupar uma cadeira na casa. No Colorado, Jared Polis se tornou o primeiro gay assumido eleito para o governo estadual, e mais membros da comunidade LGBT foram eleitos este ano do que na eleição anterior. Sharice Davids e Deb Haaland foram as primeiras índias eleitas ao Congresso; Ilhan Omar e Rashida Tlaib, as primeiras muçulmanas.  

Dezembro

Axel Schmidt/Reuters

Merkel renuncia à liderança do partido

Delegados da União Democrata-Cristã se reuniram nos dias sete e oito de dezembro, em Hamburgo, para escolher o sucessor de Angela Merkel como líder do partido de centro-direita, que encabeçou desde 2000, atuando como chanceler alemã desde 2005. Ela anunciou sua decisão em outubro, depois que o partido e seus aliados terem sofrido perdas drásticas nas eleições regionais. Sua intenção é cumprir o mandato como chefe do governo até 2021, mas não tem a intenção de se reeleger. Em mais de treze anos no cargo, Merkel se tornou uma das lideranças mais influentes da Europa.

Assessoria de Imprensa de Andres Manuel Lopez Obrador/via Reuters

O novo presidente mexicano assume o cargo

Andrés Manuel López Obrador assumiu a presidência do México em 1º de dezembro. Ex-prefeito da Cidade do México, ele ganhou as eleições de julho por uma margem de vantagem impressionante. É o primeiro líder esquerdista do país em décadas, sucedendo Enrique Peña Nieto, altamente impopular. López Obrador, mais conhecido por suas iniciais, AMLO, prometeu combater a corrupção, a pobreza e a violência decorrente do tráfico. Sua vitória encerrou a campanha eleitoral mais letal de que se tem notícia no país: pelo menos 136 políticos foram assassinados nos dez meses anteriores à votação.

Topo