A médica anestesista Ticyana Azambuja, 35, intercalava plantões exaustivos em três hospitais para atuar na linha de frente no combate ao novo coronavírus. Nas suas redes sociais, compartilhava vídeos com orientações sobre o enfrentamento à covid-19. Mas, justamente no local onde deveria descansar, ela lidava com o desrespeito às regras de isolamento social.
Na tarde de 30 de maio, Ticyana usou um martelo para quebrar o espelho retrovisor e o vidro traseiro de um carro importado estacionado irregularmente por um dos frequentadores de uma festa clandestina no Grajaú, zona norte do Rio de Janeiro, em uma casa em frente ao prédio onde mora. Espancada por ao menos quatro pessoas, sofreu duas fraturas e rompeu o ligamento do joelho esquerdo ao ser jogada no chão e ainda teve as mãos pisoteadas.
A profissional de saúde concedeu entrevista ao UOL em seu apartamento para falar de outra luta: sem condições de tratar pacientes com covid-19 por causa das agressões, Ticyana agora quer justiça.
"Ainda não foi feita justiça, então eu ainda continuo com um sentimento de impotência. Eu tenho dois medos: que essa injustiça fique impune e que algo aconteça no futuro comigo"